Partículas tóxicas de ar poluído podem chegar ao cérebro
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela | •
Respirar constantemente o ar poluído pode ter consequências para o corpo humano ainda desconhecidas, conforme aponta um novo estudo britânico. A equipe de cientistas descobriu que as partículas tóxicas, que chegam até o pulmão, podem também migrar para o cérebro, através da corrente sanguínea. Muito provavelmente, distúrbios cerebrais e danos neurológicos podem ser associados com este tipo de exposição.
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O estudo sobre a relação entre as partículas tóxicas inaladas e o cérebro foi desenvolvido por pesquisadores da University of Birmingham, no Reino Unido. Em breve, detalhes da descoberta devem ser compartilhados na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
“Há lacunas em nosso conhecimento sobre os efeitos nocivos das partículas finas transportadas pelo ar no Sistema Nervoso Central [SNC]. Este trabalho lança uma nova luz sobre a ligação entre a inalação de partículas e como elas se movem posteriormente pelo corpo", explica Iseult Lynch, professor da universidade e coautor do artigo, em comunicado.
Entenda o que são estas partículas
Antes de seguirmos, vale explicar que a poluição do ar pode ser entendida como um coquetel de muitos componentes tóxicos. Entre esses elementos, estão as partículas finas que medem entre 2,5 e 0,1 mícrons. Aqui, cabe destacar que cada mícron equivale a um milionésimo de metro. Por causa do diminuto tamanho, elas conseguem escapar de muitas defesas do organismo humano, como algumas barreiras biológicas e de células imunes.
Como compostos do ar poluído chegam ao cérebro?
No estudo britânico, a equipe de cientistas descobriu que a principal via usada por esses minúsculos poluentes para chegar ao órgão central do Sistema Nervoso Humano, o cérebro, é o próprio sangue humano.
"Os dados sugerem que o número de partículas finas que podem atingir o cérebro, viajando através da corrente sanguínea, a partir dos pulmões, é até oito vezes maior do que se passasse diretamente pelo nariz. Isso acrescenta novas evidências sobre a relação entre poluição do ar e efeitos prejudiciais de tais partículas no cérebro", revela Lynch.
Além de migrarem até o cérebro, os pesquisadores descobriram que estas partículas tóxicas podem permanecer mais tempo por lá do que em outros órgãos metabólicos, como o fígado. Para chegar a estas conclusões, a equipe estudou amostras do líquido cefalorraquidiano (LCR), coletadas de pacientes que sofrem com distúrbios cerebrais.
A partir de estudos anteriores, os cientistas afirmam existir evidências relacionando os altos níveis de poluição do ar e a neuroinflamação acentuada. Estes quadros podem ser observados em pessoas com Alzheimer, mas também é associado com problemas cognitivos em idosos e crianças. Apesar das descobertas, a equipe pontua que mais estudos são necessários para concluir quais riscos a poluição pode representar para o cérebro humano.
Fonte: University of Birmingham