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Estes 2 pacientes suprimiram o HIV, mesmo tomando placebo durante uma pesquisa

Por| Editado por Luciana Zaramela | 29 de Outubro de 2021 às 12h30

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jcomp/Freepik
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Durante o estudo de uma potencial vacina contra o HIV (vírus da imunodeficiência humana) nos Estados Unidos, dois voluntários receberam a fórmula placebo — substância sem nenhum efeito conhecido contra o vírus da Aids. Por algum motivo pessoal, eles abandonaram por completo o tratamento diário contra a infecção — o que não é recomendado —, após o fim da pesquisa. Curiosamente, ambos ficaram livres do vírus por alguns anos, conforme demonstraram exames de sangue.

“Qualquer caso de controle espontâneo do HIV na ausência de terapia [antiviral] vale a pena ser relatado. Isso vai se somar ao conjunto de informações que temos”, explicou Javier Martínez Picado, cientista do instituto de pesquisa IrsiCaixa e sem envolvimento no estudo.

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Vale destacar que não foi relatada uma suposta "cura" do HIV no caso dos voluntários, apelidados como Participante 4 e Participante 30. Através de um mecanismo desconhecido do sistema de defesa destes indivíduos, o vírus da Aids foi suprimido temporariamente.

A dupla conseguiu continuar sem medicação anti-HIV por 3,5 e quatro anos, respectivamente. No entanto, diferentes mecanismos imunológicos pareciam ser responsáveis ​​em cada caso. Atualmente, eles precisaram retomar a medicação de uso contínuo, segundo o pesquisador Tae-Wook Chun, do National Institutes of Health (NIH).

Como o vírus da Aids funciona?

Quando uma pessoa contrai o HIV, pode evitar as manifestações graves da doença tomando a medicação diária, já que esta impede a replicação do vírus. Só que, na maioria dos casos, cópias do vírus permanecem em suas células de memória imunológica por todo o organismo. Em outras palavras, para a maioria das pessoas, o HIV pode começar a se multiplicar, caso o tratamento seja interrompido.

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No entanto, para alguns raros indivíduos, pausar a medicação não significa que o vírus voltará a ser ativo rapidamente, mas ainda não está claro o porquê. Essas pessoas são chamadas de “controladores pós-tratamento”. O fenômeno tende a ocorrer, em maior frequência, em pessoas que começam o tratamento com drogas anti-HIV nas primeiras semanas após a infecção.

Entenda o caso dos dois pacientes

Para entender as defesas do sistema imunológico, existem dois principais mecanismos: a ação dos anticorpos e a função das células T. Até agora, o consenso era que as células T — responsáveis por eliminar células humanas infectadas com vírus — eram mais importantes para os "controladores pós-tratamento".

No entanto, a equipe de pesquisadores verificou que, embora as células T fossem responsáveis ​​pelo controle no Participante 4, os anticorpos suprimiam a multiplicação do vírus no outro (Participante 30). “Ele teve uma resposta incrível de anticorpos que provavelmente continha a replicação viral completa”, especula Chun.

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No caso do Participante 30, foi preciso reiniciar a medicação porque foi infectado por uma outra cepa do HIV, a qual era mais resistente aos anticorpos que possuía. Agora, no Participante 4, foi possível observar três aumentos relativamente pequenos nos níveis do vírus no sangue, seguidos por quedas espontâneas, durante os mais de três anos de controle. Voluntariamente, ele optou por retomar o tratamento antiviral.

Como conclusão do estudo, os pesquisidores entendem que é necessário testar frequentemente as amostras de sangue das pessoas consideradas "controladores pós-tratamento". Inclusive, o sistema imunológico destes indivíduos deve ser melhor explorado para entender os motivos que levam a essa proteção natural.

Par acessar o estudo completo sobre os indivíduos que controlaram o HIV por meios naturais, publicado na revista científica Nature Medicine, clique aqui.

Fonte: NewScientist