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OMS investiga caso misterioso de MERS em humano

Por  • Editado por Luciana Zaramela |  • 

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National Institute of Allergy and Infectious Diseases/NIAID
National Institute of Allergy and Infectious Diseases/NIAID

Nesta semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que está investigando um novo caso da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), provocado por um coronavírus próximo geneticamente daquele que causa a covid-19. A questão é que o paciente infectado em Abu Dhabi, a capital dos Emirados Árabes Unidos, não sabe como contraiu o vírus. Recentemente, ele não fez nenhuma viagem e nem teve contato com dromedários — um dos principais reservatórios naturais do vírus MERS-CoV —, o que faz da origem um possível mistério.

O paciente de 28 anos, que não trabalha na área da saúde, precisou ser internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por causa das complicações respiratórias causadas pelo coronavírus MERS. O estado de saúde do indivíduo está controlado, e nenhum dos seus 108 contatos próximos foram diagnosticados para a doença até o momento.

Entenda o que a síndrome respiratória do Oriente Médio

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Antes de seguir, vale explicar que o MERS-CoV é um vírus parente do coronavírus SARS-CoV-2. Ambos são classificados como membros da família dos coronavírus (CoV) e causam, prioritariamente, complicações respiratórias. Dependendo de inúmeros fatores, podem ser mortais.

Os primeiros casos de MERS foram identificados em 2012, no Oriente Médio — passados mais de 10 anos, a região continua a concentrar a maioria dos diagnósticos para a doença. Isso pode ser explicado pelo fato do MERS-CoV ser transmitido prioritariamente por animais, como os dromedários, comuns na região. Só que humanos também podem transmitir o vírus, quando infectados.

No mundo, já foram diagnosticados 2.605 casos oficiais da Síndrome Respiratória do Oriente Médio, sendo 936 mortes. Nesse contexto, a taxa de letalidade é estimada em 35%, mas pode estar superestimada, porque nem sempre os casos são devidamente classificados. Além disso, pacientes com quadros respiratórios leves podem não buscar atendimento.

Até o momento, "nenhuma vacina ou tratamento específico está disponível atualmente”, afirma a OMS. Nesse contexto, os médicos buscam tratar os sintomas e complicações de cada paciente, através de remédios já existentes.

O que a OMS sabe sobre o caso misterioso de MERS?

Entre os problemas da misteriosa infecção, esteve a dificuldade no diagnóstico da MERS. Durante os dias 3 e 7 de junho, o homem buscou atendimento médico algumas vezes, apresentando dores no tronco, disúria (dor ao urinar) e vômitos recorrentes. No dia 8, foi diagnosticado com pancreatite aguda, lesão renal aguda e sepse. Só que a infecção continuou a piorar e, no dia 13, precisou ser internado em uma UTI.

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Apenas no dia 21, foi testado para a infecção pelo coronavírus MERS-CoV. Passados dois dias, recebeu o diagnóstico positivo para a doença. Diferente da maioria dos casos, “o paciente não tem histórico conhecido de contato direto com animais, incluindo camelos dromedários, nem consumo de seus produtos crus”, afirma a OMS. Isso pode ser um dos motivos que levou ao atraso no diagnóstico.

O coronavírus MERS sofreu mutações recentes?

Observando o recente caso de MERS nos Emirados Árabes Unidos, dois pontos despertam a atenção: a origem desconhecida de como o paciente jovem foi infectado pelo coronavírus e a gravidade da infecção, considerada grave, ainda mais para um indivíduo sem comorbidades. Dito isso, é preciso entender se o vírus sofreu alguma mutação recente, potencialmente problemática para a saúde pública.

"Dado que este último caso apresenta doença grave, mas não tem comorbidades e nenhum histórico de exposição a dromedário, produtos crus de dromedários e camelos ou contato com caso humano de MERS-CoV, será importante sequenciar o vírus e realizar análises genômicas para detectar padrões incomuns”, explica a OMS.

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Neste momento, o processo de análise genômica já começou. “Isso identificará qualquer evolução genética do vírus e apoiará os esforços globais de avaliação de risco da OMS”, aponta a organização.

Enquanto as investigações não são concluídas, a orientação é reforçar a importância de hábitos de higiene entre aqueles que têm contato com animais, como os dromedários. Só que, no momento, nenhuma outra medida precisa ser adotada, já que este caso, mesmo misterioso, é isolado.

Fonte: OMS