OMS diz que 15 milhões de jovens — de 13 a 15 anos — fumam cigarros eletrônicos
Por Nathan Vieira • Editado por Melissa Cruz Cossetti |

Nesta segunda-feira (6), a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um novo relatório global que acende o alerta para o aumento do uso de cigarros eletrônicos entre adolescentes. Segundo o estudo, pelo menos 15 milhões de jovens entre 13 e 15 anos já utilizam esses dispositivos em todo o mundo, tornando-se nove vezes mais propensos a fumar do que os adultos.
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O relatório revela que o número de usuários de cigarros eletrônicos já ultrapassa 100 milhões de pessoas. Desse total, 86 milhões são adultos e 15 milhões são adolescentes, concentrados principalmente em países de alta renda.
O diretor do Departamento de Determinantes da Saúde, Promoção e Prevenção da OMS, Etienne Krug, afirma que os cigarros eletrônicos estão "alimentando uma nova onda de dependência da nicotina". Segundo ele, embora sejam divulgados como uma alternativa menos nociva ao tabaco tradicional, esses produtos “estão, na verdade, viciando os jovens em nicotina mais cedo e colocando em risco décadas de progresso”.
Queda dos cigarros tradicionais
Apesar da preocupação com o avanço do vape entre os jovens, o relatório aponta uma redução consistente no consumo de tabaco convencional. O número total de fumantes caiu de 1,38 bilhão em 2000 para 1,24 bilhão em 2024, uma redução de cerca de 19,5%.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, destaca que milhões de pessoas deixaram de fumar graças às políticas públicas de controle do tabaco, mas alertou que a indústria “está reagindo com novos produtos que ameaçam reverter os avanços conquistados”.
A queda tem sido mais acentuada entre as mulheres: o consumo caiu de 16,5% em 2000 para 6,6% em 2024, atingindo com antecedência a meta global de redução de 30%. Entre os homens, a taxa diminuiu de 49,8% para 32,5% no mesmo período.
Europa lidera o consumo; América Latina tem índices menores
O relatório mostra que a Europa se tornou a região com maior prevalência de fumantes, com 24,1% da população adulta usando tabaco, ultrapassando o Sudeste Asiático, que liderava em 2000. A África tem os menores índices, com 9,5% de fumantes.
Na América Latina, os números são variados: o Chile (26,7%) e a Argentina (23,5%) registram as taxas mais altas, enquanto Paraguai (6,4%) e Panamá (4,8%) aparecem com os menores percentuais.
OMS pede ação urgente dos governos
A OMS alerta que quase 20% dos adultos ainda usam produtos de tabaco e nicotina, e por conta disso é preciso intensificar as medidas de controle. A organização recomenda aumentar impostos, restringir a publicidade, regular os cigarros eletrônicos e ampliar os serviços de cessação do tabagismo. “O mundo fez progressos, mas precisamos agir mais rápido e com mais força para proteger as novas gerações da dependência da nicotina”, conclui Jeremy Farrar, diretor-geral adjunto da OMS.
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