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Usar óculos ajuda a se prevenir contra COVID-19?

Por| 21 de Setembro de 2020 às 10h55

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Josh Calabrese/Unsplash
Josh Calabrese/Unsplash

Na China, pesquisadores especializados em COVID-19 perceberam que poucos pacientes internados com a doença usavam óculos, o que acabou por intrigá-los: seria essa uma "tendência" relacionada ao uso do acessório? E se os óculos pudessem funcionar como uma proteção a mais contra o coronavírus? A hipótese culminou em um estudo publicado na revista científica JAMA Ophthalmology.

Em um hospital localizado em Suizhou, na China, 276 pacientes foram admitidos em um período total de 47 dias e apenas 16 deles, o equivalente a menos de 6%, possuíam alguma condição que exigia o uso de óculos de grau. Para efeito de comparação, mais de 30% de pessoas com idades similares residentes da região precisa de óculos para miopia.

"Usar óculos é algo comum entre indivíduos da China em todas as idades. No entanto, desde o surto da COVID-19 em Wuhan em dezembro de 2019, observamos que poucos pacientes com óculos foram admitidos nos hospitais", diz um dos autores do estudo sobre o assunto, o que pode indicar que pessoas que usam óculos de grau estão menos suscetíveis a serem contaminados pelo SARS-CoV-2.

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Ainda é cedo, porém, para tirar conclusões definitivas sobre a pesquisa, inclusive para recomendar as pessoas que passem a usar óculos como forma extra de proteção junto à máscara e a higienização das mãos. Existe a possibilidade de que o acessório barre as gotículas que são liberadas em tosses e espirros e evite o contato delas com os olhos, ou ainda que as pessoas que usam óculos sejam menos prováveis a levar as mãos ao rosto.

Há cinco anos, um estudo sobre tocar o rosto com as mãos descobriu que, durante o período de uma hora, um estudante assistindo a uma aula toca o nariz, boca e olhos pelo menos 10 vezes. Porém, a pesquisa não mencionou o uso de óculos como comparação.

De acordo com a especialista em doenças infecciosas e professora de medicina associada da Escola de Medicina do Johns Hopkins, Lisa Maragakis, em comentário sobre o estudo, a interpretação dos resultados obtidos precisa ser feita o quanto antes. Entre as preocupações está o fato de a pesquisa ser considerada pequena por ser feita com apenas 300 casos de COVID-19, além de a comparação ter sido feita também com dados de um estudo de décadas atrás.

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Maragakis observou ainda que existem outros fatores que podem invalidar os resultados do estudo, como a possibilidade de que as pessoas mais velhas sejam as que mais usam óculos, sendo também as mais propensas a ficar em casa em um cenário de doença contagiosa. Há também a possibilidade de que quem consiga comprar óculos tenha um estilo de vida que não as obriguem a estar em locais lotados.

Alguns profissionais de saúde já usam óculos de proteção junto às máscaras, justamente para prevenir o contato com gotículas de tosse e espirro de pacientes, além de partículas de aerossóis que são formadas em pessoas que passam por alguns processos como a intubação. Para Maragakis, o estudo precisa ser mais aprofundado e considerar outras populações.

Outra questão a ser levada em conta e que precisa de estudo é sobre o quanto os olhos podem ser a porta de entrada para o coronavírus. Em relação a outros vírus e germes, já foi estabelecido que as membranas dos olhos, assim como a boca e o nariz, podem receber uma contaminação, mas sobre o SARS-CoV-2 é preciso de mais pesquisa, uma vez que ele invade o trato respiratório.

Sintomas oculares

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Por mais que ainda não haja uma confirmação de que o coronavírus entre no organismo pelos olhos, já foram relatados casos de pacientes com COVID-19 que ficaram com conjuntivite, e vários estudos já mostraram que problemas nos olhos podem ser sinais de contaminação pela doença.

Em agosto, uma pesquisa mostrou que entre 216 crianças hospitalizadas com a doença em Wuhan, 49 delas tinham sintomas oculares, como secreção conjuntival e coceira. Já foram relatados também sintomas como visão turva, lacrimejamento excessivo, entre outros.

 

 

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Fonte: The New York Times