O ser humano pode ter mais de cinco sentidos, segundo neurocientistas
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |

Já estamos familiarizados com a ideia de ter cinco sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar. No entanto, alguns neurocientistas especulam que vai muito além disso, uma vez que o corpo tem receptores capazes de transportar outros tipos de informações, como a temperatura, ou a transição do dia para a noite (algo que impacta até os batimentos cardíacos).
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Segundo a neurocientista Lisa Feldman Barrett, professora da Northeastern University (EUA), os sentidos estão entrelaçados uns com os outros, e a construção que o cérebro faz dos sentidos é bem complexa, por exemplo: no sabor, essa construção é feita a partir de dados gustativos (sabor) e olfativos (cheiro), além da umidade, criada a partir do toque e da temperatura.
A comunidade científica vem levantando olhares para a interocepção. Trata-se da percepção do cérebro em relação ao interior do corpo, que permite entender o que está acontecendo no organismo graças a sinais internos, como as batidas do coração.
De acordo com Barrett, o cérebro é capaz até mesmo de "prever" o que uma pessoa vai ver, com base em experiências anteriores, no estado do corpo e no ambiente, para então combinar essas previsões com os dados sensoriais recebidos pelas retinas para construir a experiência visual.
Em entrevista ao portal britânico The Guardian, o professor Manos Tsakiris chegou a explicar que a sensibilidade à interocepção afeta até a capacidade de regular as emoções, tornando a pessoa mais suscetível a ansiedade e depressão.
A leitura errada dos sinais interoceptivos pode amplificar as emoções negativas, e segundo a Association for Psychological Science, essa interpretação é muito subjetiva: uma pessoa pode interpretar os próprios batimentos como um sinônimo de empolgação, enquanto alguém com ansiedade pode interpretar isso como um sinal de perigo.
Fonte: Science Focus, BetterUp, The Guardian, Association for Psychological Science