O que é “fadiga da pandemia” e por que ela está preocupando os europeus
Por Nathan Vieira |
A COVID-19 tem preocupado inúmeros países ao redor do mundo, e a situação não é diferente quando se trata da Europa. Acontece que a chamada "fadiga da pandemia" se instalou no continente, onde o surto está aumentando novamente em alguns países que foram aclamados no início por reprimir surtos massivos. Segundo Dr. Thomas Tsai, cirurgião e pesquisador de políticas de saúde da Universidade de Harvard, isso é reflexo de algo chamado "fadiga da pandemia".
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Ele explicou que o ressurgimento na França e na Espanha é semelhante ao que ocorreu nos Estados Unidos no início deste ano, após o feriado do Memorial Day, quando muitos estados buscaram reabrir negócios e atividades. Pelo que o pesquisador disse, a "fadiga da pandemia" se trata de quando as pessoas e funcionários do governo desejam que a pandemia acabe e diminuem as restrições que mantêm o vírus sob controle. "Se não estivermos garantindo ativamente que estamos controlando a pandemia, a epidemia não vai simplesmente desaparecer", afirmou.
A França e a Espanha estão vendo mais casos novos diariamente do que quando o vírus atingiu seu pico. Na verdade, por falar nisso, vários países europeus estão relatando picos de casos, incluindo, além dos já citados, Geórgia, Montenegro, Ucrânia e Reino Unido. As unidades de terapia intensiva em hospitais em algumas partes da França estão quase lotadas, e as hospitalizações estão dobrando aproximadamente a cada oito dias no Reino Unido.
Na última quinta-feira (17), o diretor regional da OMS na Europa, Dr. Hans Kluge, levantou um alerta para a seriedade da situação. "Mais da metade dos países europeus relataram um aumento de mais de 10% nos casos nas últimas duas semanas. Desses países, sete viram novos casos relatados aumentarem mais do que o dobro no mesmo período", declarou, na ocasião.
No que se trata da França, vale reconhecer que o país está experimentando um ressurgimento recorde no número de casos após uma calmaria, registrando mais de 8.800 novos casos por dia, com base em uma média de sete dias, maior do que o pico de meados de abril de cerca de 8.400 novos casos diários, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins.
Dominique Costagliola, epidemiologista do instituto de pesquisa Inserm em Paris, disse que muitos dos novos casos vêm da Riviera Francesa, a costa mediterrânea do canto sudeste da França, área em que muitas pessoas passam férias.
A Espanha, que registrava menos de 500 novos casos de coronavírus por dia durante grande parte de junho, agora conta com um novo pico de infecções, segundo os dados da Hopkins. O número de casos diários tem aumentado desde julho, com a média de sete dias ultrapassando 10.000, um número mais alto do que o pico do final de março de aproximadamente 8.000. Madri e Barcelona se apressaram em reabrir os negócios e as pessoas baixaram a guarda depois que os casos caíram pela primeira vez. Entretanto, alguns distritos espanhóis, como Catalunha, continuaram a conter o vírus com sucesso aumentando o número de testes e visando bairros para triagem.
Fonte: CNBC