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O que aconteceu com um homem que tomou 40 mil comprimidos de ecstasy?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 03 de Junho de 2021 às 12h13

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Bialasiewicz/Envato Elements
Bialasiewicz/Envato Elements

Para entender o efeito e potencias benefícios de algumas drogas, cientistas realizam experimentos com MDMA — a substância psicoativa popularmente conhecida como ecstasy —, por exemplo. Recentemente, pesquisadores nos EUA investigaram o uso de ecstasy no tratamento de transtornos de ansiedade, mas em doses muito baixas. Agora, um relato de caso no Reino Unido surpreende por sua anormalidade, já que detalha o efeito de 40 mil comprimidos de MDMA consumidos ao longo de nove anos por uma única pessoa.

O relato dos milhares de comprimidos de ecstasy foi feito por uma equipe de médicos da Universidade de St. George (SGU), em Londres. O paciente, conhecido apenas como "A", é um homem de 37 anos que usou a droga em grandes quantidades entre os 21 e 30 anos. Segundo as evidências do caso incomum, o uso prolongado e em quantidades excessivas da substância pode ter efeitos colaterais prejudiciais e ​​duradouros.

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Ecstasy em doses alarmantes e a reação

Segundo os autores, nos primeiros dois anos de uso do ecstasy, "A" ingeria cinco comprimidos todo final de semana. Nos três anos seguintes, ele passou a consumir uma média de 3,5 comprimidos por dia, chegando a uma média de 25 comprimidos diários nos quatro anos seguintes. Assim, a equipe estimou que, ao longo desses nove anos, ele havia tomado mais de 40 mil pílulas. Essa média também foi composta por informações de outros serviços de assistência médica que frequentava.

De forma geral, "os usuários abusivos de ecstasy desenvolveriam uma síndrome da serotonina — de grau leve, na maioria dos casos — após a ingestão aguda de drogas, o que é caracterizada por aumento da atividade física, hipertermia e sudorese, aumento da rigidez muscular, rabdomiólise, hiper-reflexia, trismo, aperto da mandíbula, mioclonia, tremor e nistagmo", escreveu a equipe no relatório. Além do ecstasy, o paciente também relatou um histórico de uso de outras substâncias ilícitas, como LSD, cocaína, heroína e cannabis. 

A decisão de "A" de parar de tomar ecstasy aconteceu após três crises (colapsos) que aconteceram em festas por causa do consumo da droga. Além disso, ele começou a relatar uma série de efeitos desconfortáveis da abstinência. "Por alguns meses, ele se sentiu como se ainda estivesse sob a influência do ecstasy", detalharam os médicos. "Ele acabou desenvolvendo ataques de pânico graves, ansiedade recorrente, depressão, rigidez muscular — particularmente no pescoço e na mandíbula —, alucinações funcionais e ideação paranoide [suspeitas que a pessoa está sendo perseguida]".

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Outro fator identificado foi a perda da memória.

Consequências duradouras do consumo

Para verificar suas habilidades, "A" passou por uma série de atividades motoras e os médicos identificaram dificuldade em cumprir tarefas simples por causa da perda de memória. No experimento, o paciente repetia com frequência a mesma atividade. "Embora o Sr. A fosse capaz de compreender totalmente as instruções dadas, sua concentração e atenção estavam tão prejudicadas que ele não foi capaz de seguir a sequência das tarefas necessárias", contam.

Após a descoberta, a equipe pensou que ele tivesse desenvolvido um comprometimento da função de memória e fez exames de ressonância magnética para a checagem. As imagens do cérebro do paciente não revelarem problemas estruturais. No entanto, recebeu tratamento específico para sua memória e conseguiu recuperar parte do funcionamento.  Além disso, para os médicos do caso, as deficiências causadas pelo uso prolongado de ecstasy não foram revertidas com a suspensão da droga por "A".

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Para acessar o relatório de caso completo dos médicos londrinos, publicado na revista científica Psychosomatics, clique aqui.

Com informações: IFL Science