O que acontece quando bactérias entram no nosso sangue?
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Diferentes tipos de ameaças podem colocar em risco o bom funcionamento do organismo, como bactérias, vírus e fungos. Quando estes agentes infecciosos invadem a corrente sanguínea e passam a se multiplicar no corpo, atingindo diferentes sistemas e tecidos, ocorre o que a medicina classifica como septicemia.
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Dependendo da gravidade da infecção e da condição de saúde do hospedeiro — no caso específico, o ser humano —, a septicemia pode desencadear um quadro de sepse, ou seja, uma reação extrema do organismo contra a infecção, onde diferentes órgãos podem ser lesados. Nos casos mais severos, a complicação pode levar ao óbito.
Por causa dos riscos, a septicemia é considerada uma emergência médica e, como é causada na maioria das vezes por bactérias, demanda um intenso tratamento com antibióticos. O objetivo é evitar que a condição piore para sepse (reação desproporcional do corpo).
Quais são as principais causas de septicemia?
Diferentes tipos de germes podem entrar na corrente sanguínea. Só que, segundo o serviço de saúde norte-americano Cleveland Clinic, os agentes infecciosos mais frequentemente responsáveis por quadros de septicemia são as bactérias. Entre os tipos mais perigosos e recorrentes, estão:
- Staphylococcus aureus;
- Streptococcus pneumoniae;
- Escherichia coli (E. coli).
Como a bactéria entra no sangue?
Na maioria dos casos, a proliferação dos agentes infecciosos no sangue ocorre em ambientes hospitalares. Isso porque os pacientes estão, normalmente, mais debilitados nessas condições. Segundo a Cleveland Clinic, os seguintes procedimentos ou doenças são mais comumente associados aos casos de septicemia:
- Abcesso dentário (acúmulo de pus na região por causa da uma infecção);
- Uso de instrumentos cirúrgicos e agulhas já contaminados em uma cirurgia;
- Infecção renal;
- Pneumonia;
- Úlceras abertas na pele ou outros tipos de feridas;
- Infecção do trato urinário.
Consequentemente, a sepse geralmente começa no pulmão, no trato urinário, na pele ou ainda no trato gastrointestinal, já que uma é obrigatoriamente o desdobramento da outra.
Primeiros sinas e tratamentos
Como a condição pode ter diferentes causas, os sintomas e os primeiros sinais da infecção podem ser bastante distintos ou até genéricos demais. De forma geral, o paciente pode apresentar febre alta, suor excessivo, fraqueza ou queda da pressão arterial.
A confirmação do quadro é feita a partir de exames. Por exemplo, se a condição for causada por uma bactéria, é necessário o uso de um antibiótico. Agora, se a infecção for causada por um vírus ou fungo, o tratamento incluirá um medicamento antiviral ou antifúngico. Em algumas circunstâncias, o médico pode recomendar a drenagem do sangue na área infectada.
Entendendo a sepse
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos EUA, define a sepse como uma resposta extrema do corpo a uma infecção. "A sepse acontece quando uma infecção que você já tem desencadeia uma reação em cadeia em todo o corpo", detalha o órgão.
A partir da resposta desregulada do hospedeiro à infecção, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lembra que, se o paciente não receber o tratamento, o quadro "pode provocar o choque séptico, a falência múltipla de órgãos e a morte". É a mais frequente complicação fatal das infecções, complementa.
É a causa de milhões de mortes globais
"O número global de casos de sepse é difícil de determinar", aponta a OMS, já que a condição pode ser provocada por diferentes tipos de infecção. No entanto, alguns estudos estimam que, apenas em 2017, 48,9 milhões de casos e 11 milhões de mortes relacionadas a essa condição ocorreram em todo o mundo. Diante desses números, a complicação representa quase 20% de todas as mortes globais.
De acordo com o Instituto Latino Americano de Sepse (Ilas), pacientes com sepse representam 25% da ocupação de leitos em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) no Brasil. Inclusive, é uma das principais causas de mortalidade hospitalar tardia, superando o infarto do miocárdio e o câncer, por exemplo.
Quem corre mais risco?
Segundo a OMS, um dos principais fatores de risco para a sepse é a falta de atendimento médico especializado e treinado. Tanto é que a taxa de mortalidade da condição é maior em países mais pobres ou em desenvolvimento.
Somando a falta de estrutura hospitalar adequada, os seguintes perfis correm mais risco com a infecção generalizada:
- Pessoas com mias de 65 anos;
- Gestantes ou puérperas;
- Recém-nascidos;
- Pacientes hospitalizados ou que estão na UTI;
- Pessoas que vivem com HIV;
- Indivíduos em tratamento oncológico (câncer);
- Pessoas com cirrose hepática;
- Pacientes com doença renal;
- Pessoas com doenças autoimunes,
- Pessoas que por algum motivo precisaram remover o baço.
Fonte: OMS, CDC, Cleveland Clinic e Ilas