Novo bioprocessador usa organoides do cérebro humano
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
A startup suíça FinalSpark deu um novo passo rumo à junção entre o orgânico e o artificial, ao desenvolver um bioprocessador com a utilização de organoides do cérebro humano. O objetivo é bem claro: gastar muito menos energia que os processadores tradicionais. Os detalhes da novidade tecnológica estão disponíveis na revista científica Frontiers in Artificial Intelligence.
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Essa "neuroplataforma" é baseada em uma mistura de hardware, software e biologia, e descrita pela própria empresa como a primeira plataforma online do mundo que oferece acesso a neurônios biológicos in vitro.
A tecnologia se dá através do uso de quatro dispositivos conhecidos como Multi-Electrode Arrays (MEAs, ou matriz de múltiplos eletrodos), usados em neurociência para registrar e estimular a atividade elétrica de neurônios.
Os MEA s Consistem em uma matriz de pequenos eletrodos dispostos em uma superfície que pode ser colocada em contato com tecidos biológicos.
Nesse caso, os MEAs abrigam organoides: massas de células 3D de tecido cerebral. Cada MEA contém quatro organoides, interligados por oito eletrodos.
Os sinais coletados são convertidos de um formato que as células usam para um formato que os computadores entendem (digital). Isso é feito por um dispositivo especial chamado controlador Intan RHS 32, que trabalha rápido e com precisão.
Para manter as células cerebrais vivas e saudáveis enquanto são estudadas, a máquina usa um sistema de tubos e líquidos (microfluídico) que fornece tudo o que elas precisam, como nutrientes e oxigênio.
Como funciona o bioprocessador
Esse bioprocessador conta com um software que permite aos cientistas inserir comandos e dados. Esse software ajuda a processar e interpretar as informações que vêm das células, mostrando resultados que os cientistas podem entender e usar em suas pesquisas.
"A neuroplataforma permite que os pesquisadores realizem experimentos em organoides neurais com vida útil superior a 100 dias. Para fazer isso, simplificamos o processo experimental para produzir rapidamente novos organoides, monitorar potenciais de ação 24 horas por dia, 7 dias por semana e fornecer estímulos elétricos", consta no artigo científico.
No estudo, os especialistas da FinalSpark anunciam que as estruturas neuronais que formam o bioprocessador são adequadas para experimentos que duram alguns meses. A estimativa é que a vida útil do organoide do cérebro humano seja de cerca de 100 dias.