Novo biocurativo recupera lesões cutâneas em pessoas com diabetes
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 17 de Maio de 2023 às 14h42
Em estudo publicado na revista científica Regenerative Therapy, pesquisadores brasileiros apresentaram um novo biocurativo capaz de ajudar na recuperação de lesões cutâneas em pessoas com diabetes. O projeto busca resolver uma das maiores dificuldades dos pacientes com a cicatrização, pois o excesso de açúcar na circulação sanguínea dificulta a regeneração do tecido.
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O bioadesivo é feito com uma substância chamada hidrogel de alginato e contém células derivadas do cordão umbilical humano. Para a sua elaboração, o grupo usou células mesenquimais, que secretam inúmeras moléculas bioativas com diferentes funções no processo cicatricial.
“O processo de criação do produto envolve a bioimpressão 3D, que foi feita com o apoio de uma empresa especializada e permite a confecção precisa [do curativo] de acordo com a área de aplicação e a correta distribuição das células mesenquimais pelo hidrogel, o que as mantêm viáveis durante o processo de impressão e de utilização”, explicam os pesquisadores.
O biocurativo contém células vivas, capazes de perceber os sinais emitidos pela lesão na pele e responder liberando citocinas e fatores de crescimento de acordo com a necessidade do tecido. Na prática, a novidade atua nas diferentes fases da cicatrização da pele.
O experimento foi conduzido em camundongos. Após dez dias de tratamento, os animais com diabete tratados com curativos comuns apresentaram feridas com cerca de 50% de abertura, enquanto as feridas nos animais diabéticos que receberam o biocurativo inteligente estavam com cerca de 20% de abertura.
De qualquer forma, ainda há um longo caminho até que o biocurativo se torne uma realidade. Para tornar possível o uso no tratamento de feridas em pacientes diabéticos, ainda são necessários ensaios clínicos. Mas os próprios pesquisadores ressaltam que, uma vez positivos os resultados, o próximo passo envolve solicitar a aprovação do produto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Fonte: Regenerative Therapy via Jornal da USP