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Nitazenos, as drogas mais mortais que o fentanil em casos de overdose

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Лечение Наркомании/Pixabay
Лечение Наркомании/Pixabay

Nos Estados Unidos e na Europa, um novo tipo de droga começa a ser relacionado com casos de overdose, sendo até mais fatal que o fentanil. A responsável pelas mortes é uma classe de opioides sintéticos conhecidos como nitazenos, o que pode piorar ainda mais a crise de saúde pública envolvendo o comércio ilegal de drogas.

Vale apontar que, nos últimos anos, os EUA têm registrado, em média, cerca de 300 mortes diárias provocadas por overdoses. A maioria desses óbitos está relacionada com o fentanil, um outro tipo de opioide sintético. Agora, a situação pode se intensificar.

O que são os nitazenos

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De forma geral, os opioides são substâncias que atuam no cérebro. Eles são conhecidos como potentes analgésicos por aliviarem a dor — e podem até ser usados como sedativos. No mercado, existe uma ampla gama de medicamentos do tipo, prescritos por profissionais de saúde, incluindo o fentanil.

O probelma surge quando esses "remédios" são feitos de forma ilegal e misturados com outras susbtâncias ilícitas, como a própria cocaína, o que implica em vício, overdoses e mortes.

Na questão dos nitazenos, um ponto que chama a atenção é que eles nunca foram usados formalmente como remédios pela indústria farmacêutica, como ocorreu com o fentanil. É o que explica Colin Davidson, professor de neurofarmacologia na University of Central Lancashire, na Inglaterra.

"Os nitazenos foram desenvolvidos, pela primeira vez, por uma empresa suíça chamada Ciba Pharmaceuticals na década de 1950, como um novo tipo de analgésico potente. Mas as drogas nunca chegaram ao mercado", afirma o professor Davidson, em artigo para a plataforma The Conversation.

Então, como essa classe de opioides chegou ao mercado ilegal? Para o especialista, "parece que os químicos — que atuam em laboratórios clandestinos — se debruçaram sobre antigos trabalhos científicos à procura de novos opioides sintéticos para fabricar e 'tropeçaram' nesta classe de drogas mortais".

Qual o risco para a saúde de drogas do tipo nitazeno?

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Entre as fórmulas químicas já descobertas no mercado ilegal, está o N-Desetil Isotonitazeno. Do ponto de vista dos usuários, esse tipo de nitazeno provoca sensação imediata de alívio da dor e de euforia. Após esse pico, as pessoas mergulham em um estado de sonolência profundo, o que pode provocar: estado de apneia (respiração é suspensa), parada cardiorrespiratória e, consequentemente, a morte.

Nitazenos são mais mortais que fentanil

Para entender o risco das drogas da classe dos nitazenos em relação às outras fórmulas ilegais, uma equipe de pesquisadores norte-americanos analisou 537 internações por overdose registradas entre os anos de 2020 e 2022 no país.

Em artigo publicado na revista científica Journal of the American Medical Association (JAMA), os autores revelam que as drogas da classe dos nitazenos são 100 vezes mais potentes que a morfina e quase tão potentes quanto o fentanil. No entanto, os nitazenos tendem a ser mais mortais em casos de overdoses.

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O risco elevado de mortalidade é explicado pelo fato de que, em caso de overdose por algum tipo de nitazeno, são necessárias doses maiores de naloxona — um medicamento já aprovado para reverter esses quadros. Para o fentanil, uma dose basta, mas, com esta nova droga, são necessárias duas ou mais. Além disso, o tempo de resposta após o uso do antídoto é significativamente maior, o que pode contribuir com um número elevado de mortes.

Novos desafios para a saúde pública

Talvez, o maior problema envolvendo os nitazenos hoje é a falta de informação. “A verdadeira extensão da penetração desta droga no mercado ilegal não é conhecida, uma vez que muitos locais de análise não estão preparados para testar a presença de nitazenos [nas drogas apreendidas]”, afirma Davidson. Nesse ponto, a conscientização sobre esse novo desafio para a saúde pública é fundamental.

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Vale lembrar que, no Brasil, nem a classe dos nitazenos, nem o fentanil configuram um problema nacional — de modo geral, a penetração dos opioides sintéticos no país é baixa. No entanto, os pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) já recomendam a adoção de algumas medidas para impedir que essas drogas se popularizem entre usuários brasileiros.

Fonte: The Conversation e JAMA