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Outubro Rosa: o impacto da tecnologia na prevenção do câncer de mama

Por| 22 de Outubro de 2019 às 17h00

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Outubro Rosa: o impacto da tecnologia na prevenção do câncer de mama
Outubro Rosa: o impacto da tecnologia na prevenção do câncer de mama

De acordo com a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) e o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de mama é um dos três tipos de câncer de maior incidência no mundo, é o que mais acomete mulheres em 154 países. Os números são alarmantes: 2,1 milhões de diagnósticos pelo mundo, mais de 59 mil casos no Brasil em 2018. Para o Brasil, estimam-se 59,7 mil casos novos de Câncer de Mama Feminina para 2019, com um risco estimado de 56,33 casos a cada 100 mil mulheres. O câncer de mama também acomete homens, porém é raro, representando apenas 1% do total de casos da doença.

O câncer de mama pode matar: os dados mais atuais são de 2017 e são disponibilizados pelo DATASUS, do Ministério da Saúde. Foram 16.724 mortes por câncer de mama feminino no Brasil em 2017, e 203 mortes por câncer de mama masculino no Brasil no mesmo ano. A idade é um dos mais importantes fatores de risco para o câncer de mama: cerca de quatro em cada cinco casos ocorrem após os 50 anos.

E para não ficar de fora da conscientização do Outubro Rosa, uma campanha que debate a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e, mais recentemente. sobre o câncer de colo do útero, o Canaltech preparou um especial de como a tecnologia pode ajudar na prevenção e até na convivência com a doença. 

Inteligência artificial contra o câncer

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Aqui no Brasil, uma startup chamada PreviNEO resolveu utilizar a inteligência artificial para prevenir, diagnosticar e reduzir os riscos de incidência dos principais tipos de câncer que ocorrem no Brasil, através de um programa de oncologia. O método de atuação consiste em três etapas principais: análise de dados, cálculo de risco e orientações. Foram mais de 5 mil casos de pacientes em risco identificados pela startup.

É por meio de uma Anamnese que a IA atua com o paciente ao primeiro "contato" virtual: isso significa que, por meio de um questionário, o paciente informa a IA, que por sua vez faz o rastreamento para câncer de próstata, câncer de  mama, câncer de pulmão, câncer de cólon e câncer de útero. Para poder fazer o teste, a pessoa primeiro precisa preencher um formulário com informações pessoais (como o nome, endereço, idade) e depois preencher o histórico médico (se já fez exame genético (BRCA) ou se já teve câncer. Só então a empresa disponibiliza o teste com os tipos de câncer.

Ao selecionar um deles, o usuário se depara com novas questões. No caso do câncer de mama, a primeira pergunta é se já foi feita alguma radioterapia no tórax para tratar linfoma. Em seguida, a PreviNEO pergunta a idade em que a primeira menstruação aconteceu, com que idade teve o primeiro filho (se tiver), quantos parentes já tiveram câncer de mama, se já foi feita alguma biópsia na mama e, por fim, quando foi feita a última mamografia.

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Depois de tudo pronto, a empresa manda um e-mail com orientações. "O algoritmo calcula o risco por inteligência artificial. Com os dados obtidos, o indivíduo ao final recebe a resposta personalizada com a estratégia para a redução do seu risco que pode ser alterações de hábitos de vidas, realização de exames, consultas médicas com especialistas”, explica o doutor Rodrigo Camargo, sócio fundador da PreviNEO. O peso da informação, segundo a startup, deriva de evidência científica robusta e guidelines das principais sociedades médicas do Brasil e do mundo para os 5 tipos de tumor englobados. 

Questionado sobre a porcentagem de erro dessa inteligência artificial, Rodrigo Camargo responde: “O percentual de erro está relacionado ao grau de veracidade de informações que o paciente nos passa. Por isso a importância de um programa de comunicação cuidadoso e educativo previamente a aplicação do método”.

Atualmente, a PreviNEO atua no mercado B2B. No entanto, está elaborando uma estratégia operacional para o mercado B2C, onde usuários comuns poderão acessar o sistema. As empresas podem se beneficiar dos dados da inteligência artificial para análises de risco populacional e reduzir risco de câncer e mortalidade. “Por exemplo, identificar pacientes que necessitem de exames complementares que levem ao diagnóstico precoce, quando a doença é passível de tratamento”, ressalta. Já a indicação do especialista pode ou não acontecer, dependendo de cada caso e de cada empresa parceira.

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Contratada: mulheres com câncer no mercado de trabalho

A Fundação Laço Rosa lançou a primeira plataforma brasileira de empreendedorismo e emprego para mulheres que passaram pelo câncer de mama. Sob o nome Contratada, o projeto foi inspirado num caso real de dispensa discriminatória e também tem como desafio mudar a legislação brasileira que hoje não garante estabilidade de emprego para pacientes com câncer. Foi a história da administradora de empresas com especialização em RH Nátali Araújo que inspirou a criação da plataforma. Nátali trabalhava em uma empresa de logística quando recebeu o diagnóstico do câncer, ainda muito jovem. Voltou ao trabalho após o tratamento e, na primeira necessidade de médico por suspeita de um novo tumor, foi demitida.

Referência em ações inovadoras de combate ao câncer de mama e resgate de autoestima de pacientes, a Laço Rosa prevê que a iniciativa conecte pacientes e empresas socialmente responsáveis, diminuindo barreiras e facilitando, para as pacientes que já venceram a doença, o retorno ao mercado de trabalho. Além disso, há também outros importantes desafios em vista: mudar a legislação brasileira que hoje não garante estabilidade de emprego para pacientes com câncer, educar empresários e despertar o empreendedorismo nas mulheres que não conseguem recolocação profissional mostrando exemplos reais de sucesso. A Laço Rosa vem trabalhando para conscientizar a sociedade e assim ajudar a tramitar no Senado a lei que garante estabilidade de um ano para pacientes com câncer. Em abril deste ano, o TST deu o direito para um empregado que entrou com uma ação na Justiça do Trabalho por ter sido mandado embora por discriminação.

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“A pessoa em tratamento precisa ser respeitada no ambiente de trabalho, por isso conhecer os seus direitos é o primeiro passo. Além dos muitos casos de dispensa discriminatória que chegam ao conhecimento da Laço Rosa, também sabemos de muitos casos de mulheres que são barradas em processos seletivos de forma velada. Isso é uma forma cruel de violência!”, destaca Marcelle Medeiros, presidente da Fundação Laço Rosa. O desenvolvimento da plataforma, que conta com vídeos e conteúdo gratuito e pago sobre esse universo, só foi possível graças ao investimento das empresárias brasileiras Fabiane Oliveira e Daniele Restum.  “Acreditamos que cada real investido em projetos sociais se multiplica em vidas impactadas e, no caso de Contratada, sabemos a importância da força feminina para empresas e negócios”, destacam as empresárias. 

Congelamento de óvulos

Diante do tratamento do câncer de mama, as pacientes podem ser submetidas à quimioterapia e radioterapia, que podem causar insuficiência ovariana e desencadear uma menopausa precoce e, consequentemente, a infertilidade. É aí que entra mais um "empurrãozinho" da ciência: o congelamento de óvulos. O objetivo do congelamento de óvulos é mostrar claramente às mulheres que as chances de gravidez de maneira natural ou com tratamentos caem drasticamente com o avançar da idade. Assim como ocorre um aumento no risco de aborto e de doenças genéticas.

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“Não são todas as pacientes em tratamentos de câncer que acabam perdendo sua fertilidade. Tudo isso depende do tipo e da intensidade do tratamento realizado, mas o congelamento de óvulos é indicado para preservar a fertilidade de mulheres em idade reprodutiva e deve ser feito antes da mulher se submeter à quimioterapia e em algumas situações à radioterapia”, explica o médico Matheus Roque, mestre em Reprodução Humana pela Universidade Autonoma de Barcelona e Doutor em Ginecologia e Obstetrícia pela UFMG. Ele enfatiza que o ideal é que o tratamento para congelamento de óvulos seja feito antes de se iniciar a quimioterapia. Se a mulher já tiver operado apenas, não tem problema. O ponto crucial é a quimioterapia ou determinados tipos de câncer que demandem radioterapia na região pélvica (parte baixa da barriga), pois também acaba danificando o ovário e, por consequência, o estoque de óvulos.

O congelamento de óvulos também é indicado para mulheres que desejam postergar ou não tenham definido se deseja uma gestação no futuro.  A idade ideal para isso acontecer é abaixo dos 35 anos, apesar de não existir uma contraindicação sobre realizar esse procedimento em idades mais avançadas. 

"A única maneira de tentar evitar os danos que a idade [e doenças como o câncer] causa sobre o potencial reprodutivo da mulher, é através da Preservação de Fertilidade — com o congelamento de óvulos ou embriões, o que dá total autonomia para a mulher decidir em qual idade quer ser mãe, assim como preservar a fertilidade de mulheres diagnosticadas com  câncer”, enfatiza o médico. 

"Nas clínicas particulares, o tratamento fica em torno de 20 mil reais. Depois que a paciente congela, ela paga um valor anual para a manutenção desses óculos congelados que varia entre 1000/1500 reais", Matheus declara. Porém, o Hospital Pérola Byington, em São Paulo, oferece o congelamento de óvulos para mulheres em tratamento contra o câncer de forma gratuita. A única restrição, entretanto, é que as mulheres tenham até 35 anos e não estejam com câncer em estágio avançado. Elas não precisam necessariamente estar em tratamento oncológico na instituição.