Mulher com leucemia pegou COVID-19, ficou assintomática e contagiosa por 70 dias
Por Natalie Rosa | 07 de Novembro de 2020 às 13h00
Uma mulher de 71 anos, do estado norte-americano de Washington, contraiu o coronavírus e, mesmo com leucemia e consequentemente com a imunidade mais baixa, não apresentou sintomas da COVID-19. Além disso, os médicos detectaram que ela podia passar a doença para outras pessoas durante 70 dias.
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Com a descoberta, os pesquisadores conseguiram uma evidência bastante relevante do que já se suspeitava: que pessoas com o sistema imunológico enfraquecido podem levar mais tempo para eliminar o vírus do organismo. Além disso, a notícia vai contra as diretrizes do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, o CDC, que afirmava que pessoas com baixa imunidade e que contraem a COVID-19 já não são mais infecciosas depois de 20 dias.
O estudo com a descoberta foi publicado na revista científica Science Daily, reforçando a necessidade de buscar entender melhor como o vírus funciona no organismo de pessoas que possuem a imunidade comprometida. A mulher descobriu que estava com a COVID-19 quando deu entrada no hospital para tratar uma anemia severa ainda no final de fevereiro.
O exame foi feito quando os médicos descobriram que ela residia em uma clínica de reabilitação que passou por um grande surto, testando positivo para a doença pela primeira vez no dia 2 de março. A paciente fez o teste da doença mais de uma dúzia de vezes ao longo das próximas 15 semanas, e o SARS-CoV-2 esteve presente no seu trato respiratório superior por 105 dias, com as partículas infecciosas detectadas por 70 dias.
De acordo com o estudo, a maioria das pessoas permanece contagiosa por oito dias após a infecção, e a maior duração registrada era de 20 dias. Os cientistas acreditam que a mulher ficou todo esse tempo contagiosa porque o seu corpo não conseguiu produzir uma boa resposta imunológica, pois suas amostras de sangue não apresentavam anticorpos contra o coronavírus.
O tratamento da paciente foi feito com duas rodadas de plasma convalescente, parte do sangue de pacientes recuperados da COVID-19 que conta com anticorpos contra a doença. Depois da segunda rodada, a infecção foi eliminada, mas ainda assim a concentração de anticorpos em seu organismo se manteve muito baixa — então não houve como saber se o tratamento realmente funcionou.
Também foi feito o sequenciamento genético do vírus ao longo de todo o período de infecção, descobrindo que o SARS-CoV-2 passou por diversas mutações ao longo do tempo, o que não afetou a forma na qual o coronavírus era replicado. Os pesquisadores também não viram evidências de que essas mutações foram vantajosas ao vírus, uma vez que nenhuma dessas variantes se tornaram dominantes durante o tempo em que esteve contaminada.
No futuro, os pesquisadores precisam descobrir a forma exata na qual o vírus foi eliminado do corpo da paciente, principalmente com o envolvimento de outras pessoas com o sistema imunológico fragilizado. Os cientistas também não sabem o motivo pelo qual ela nunca sentiu sintomas da COVID-19, mas alertam que o caso é isolado.
Fonte: LiveScience via Science Daily