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Temendo mutação do coronavírus, Dinamarca vai sacrificar 15 milhões de visons

Por| 05 de Novembro de 2020 às 17h45

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Skeeze/Pixabay
Skeeze/Pixabay

Na última quarta-feira (4), o governo da Dinamarca anunciou que irá abater milhões de visons em mais de 1.000 fazendas, citando preocupações de que uma mutação no novo coronavírus que infectou o vison poderia interferir na eficácia de uma vacina para humanos. O anúncio foi feito pela primeira-ministra Mette Frederiksen, durante uma entrevista coletiva na quarta. Há 15 milhões ou mais de visons no país, e o abate ficaria por conta das Forças Armadas.

O que acontece é o seguinte: Kare Molbak, chefe do Instituto Estadual de Soro, braço do governo de saúde pública e doenças infecciosas, alertou na entrevista coletiva que uma mutação poderia interferir na eficácia de futuras vacinas. O governo notificou a Organização Mundial de Saúde sobre a mutação do vírus, e também disse que 12 pessoas na região da Jutlândia são conhecidas por terem o vírus e que ele mostra uma reação fraca a anticorpos.

Os visons são da família das doninhas, junto com os furões, que são facilmente infectados com o coronavírus. Os furões parecem apresentar sintomas leves. Os visons, que são mantidos em condições de superlotação ideais para espalhar um vírus, podem adoecer e morrer. 

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A OMS confirmou ao The New York Times que foi informada pela Dinamarca sobre uma série de pessoas infectadas com coronavírus com algumas alterações genéticas. De acordo com a Organização, a Dinamarca estava investigando o significado epidemiológico e virológico dessas descobertas e eliminando a população de visons. 

Sem relatórios publicados sobre a natureza da mutação ou como a variante do vírus foi testada, os cientistas pesquisadores de fora da Dinamarca que estudam o vírus ficaram um tanto no escuro. Mas em setembro, cientistas holandeses relataram em um artigo que ainda não foi revisado por pares que o vírus estava se propagando entre visons e humanos. Na Dinamarca, o governo está descrevendo uma versão do vírus que migrou do animal para as pessoas. O coronavírus sofre mutações lentas, mas regularmente, e uma variante diferente do vírus não seria, por si só, motivo de preocupação, segundo os especialistas.

Os pesquisadores estudaram a mutação D614G, marcada na proteína spike do vírus, que pode aumentar a transmissão. Eles concluíram que não há evidência, até o momento, de que essa mutação em particular aumente a virulência, ou que afetaria o funcionamento de uma vacina. De qualquer forma, a Dinamarca já havia começado a sacrificar todos os visons em 400 fazendas que estavam infectadas ou perto de fazendas infectadas o suficiente para causar preocupação. A morte de todos os visons acabará com a indústria de comercialização e exportação de peles desses animais, talvez por anos — já que as fazendas são criadouros dessas espécies.

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Os visons também foram infectados em outros países, incluindo a Holanda e alguns estados dos EUA. Milhares de visons foram mortos em Utah por causa de um surto de coronavírus, mas as autoridades de lá disseram que não parecia que o vison transmitiu o vírus para humanos, mas o contrário.

Outros animais

Muitos cientistas estão preocupados com a disseminação do vírus para populações animais, como os chimpanzés, que se acredita serem suscetíveis, embora casos ainda não tenham sido identificados. Em paralelo, grupos de pesquisadores estão testando morcegos, animais de estimação e animais selvagens nos Estados Unidos.

Os pesquisadores também estão preocupados com o que ocorre quando o vírus se move de uma espécie para outra e pode adquirir alterações, ou mutações. Embora a maioria dessas mudanças provavelmente não seja um problema para os humanos, sempre há a chance de que as cepas do vírus se tornem mais infecciosas ou virulentas.

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O Animal Protection Denmark, um grupo de defesa dinamarquês, recomendou uma solução de longo prazo para o problema do vison e do coronavírus, alegando que a decisão certa seria acabar totalmente com a criação de visons e ajudar os fazendeiros em outra ocupação que não prejudique a saúde pública e o bem-estar animal.

Se tem uma coisa mais misteriosa que a COVID-19, é a relação entre a doença e os animais. Com isso, veterinários e pesquisadores também passaram a vasculhar o reino animal em busca de sinais do vírus que causa a COVID-19. Pelo menos 2 mil animais nos EUA foram testados para o coronavírus desde o início da pandemia, de acordo com registros federais. Os gatos e cães que foram expostos a proprietários doentes representam a maioria dos animais testados e 80% dos casos positivos encontrados. Em determinados estados, os pesquisadores testaram espécies que habitam desde fazendas até os zoológicos.

Fonte: The New York Times, National GeographicbioRxiv