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Mudança de comportamento na pandemia está confundindo inteligências artificiais

Por| 27 de Maio de 2020 às 13h27

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geralt/ Pixabay
geralt/ Pixabay

A chegada da pandemia da COVID-19 não trouxe somente muita confusão para os humanos, como também para as inteligências artificiais. De acordo com um estudo realizado pela empresa Nozzie, consultoria especializada em publicidade para vendedores da Amazon, o comportamento diferente durante a pandemia é nítido, pois começamos a buscar e comprar coisas que nunca antes foram cogitadas.

De acordo com os dados, o final do mês de fevereiro foi marcado pelos 10 termos mais buscados na Amazon serem relacionados à COVID-19. A pesquisa mostra ainda que é possível monitorar a propagação da pandemia com base no crescimento das buscas e compras primeiramente na Itália, passando pela Espanha, França, Canadá e Estados Unidos, respectivamente. O CEO da Nozzle, Rael Cline, conta que foi uma transição surpreendente em um intervalo de apenas cinco dias.

Essa mudança nos hábitos acabou afetando a inteligência artificial e os algoritmos que estão por trás de todo o processo de compra, desde as buscas e anúncios até a detecção de fraude. Gestores de modelos de aprendizado de máquina vêm observando que, rapidamente, o que é considerado normal agora mudou, e como consequência esse trabalho acaba ficando mais complicado.

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Claine diz que a pandemia revelou ainda o quanto nossas vidas estão interligadas à inteligência artificial, mostrando uma codependência que mostra como o nosso comportamento muda, como uma IA funciona e como a mudança de uma IA altera o nosso comportamento. Rajeev Sharma, vice-presidente da companhia Pactera Edge, de consultoria tecnológica, contou ao site Technology Review que a inteligência artificial é um motor vivo que precisa de incentivo.

Sharma vem conversando com diversas empresas que estão percebendo as mudanças em seus modelos de IA, algumas sendo graves. O executivo cita um exemplo que aconteceu na Índia, quando vendedores precisavam de ajuda para consertar o seu sistema de gerenciamento de estoque, que tiveram seus algoritmos quebrados. "Ele nunca havia sido treinado para um pico desses, então o sistema ficou fora de controle.

Para Sharma, mais IAs devem ser treinadas para estarem preparadas para eventos grandes, como a crise financeira de 2007 e 2008, que aconteceu nos Estados Unidos e afetou o mundo inteiro. "Uma pandemia como essa é o gatilho perfeito para criar modelos de aprendizado de máquina melhores", completa o executivo. Porém, David Excell, fundador da empresa de análise de comportamento Featurespace, um sistema desses não é capaz de prever tudo.

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A inteligência artificial usada por Excell, aplicada na detecção de fraudes de cartão de crédito, ainda não sofreu muito impacto, pois as pessoas continuam assinando serviços como a Netflix e fazendo compras em geral. Foi preciso intervir apenas para ajustar a IA ao aumento da procura por equipamentos de jardinagem e ferramentas elétricas, que por se tratar de uma categoria de preço médio, o algoritmo pode apresentar reação.

Clain conta que muitos vendedores da Amazon guardam seus produtos em armazéns da companhia, deixando com que a gigante tome conta da logística de entrega e possíveis devoluções. Com o aumento da demanda, os algoritmos da companhia vêm promovendo mais os vendedores que controlam suas próprias entregas, e essa intervenção, segundo Cline, é difícil de ser feita sem ser de forma manual. "A situação é muito volátil. Você estava tentando otimizar para papel higiênico na semana passada, e nesta semana todos querem comprar quebra-cabeças ou equipamentos para exercícios físicos", comenta.

Talvez, agora, o cenário da pandemia seja o momento de analisar os modelos de inteligência artificial usados em seus negócios e descobrir como torná-los mais eficientes em casos extremos.

Fonte: Technology Review