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Milhares de ferramentas naturais que editam o DNA são identificadas

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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iLexx/Envato
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Nos Estados Unidos, cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) descobriram uma nova leva de enzimas que são capazes de editar geneticamente o DNA humano. No total, foram descobertas 3,6 mil novas “ferramentas” naturais para a edição, que ainda devem passar por mais testes. Em tese, podem substituir o método CRISPR.

As novas enzimas programáveis ​​de corte de DNA, apelidadas de proteínas Fanzors, foram encontradas a partir da análise de caracóis, amebas e algas, em associação aos vírus comuns a essas espécies, conforme detalham os pesquisadores em artigo publicado na revista Science Advances.

Como a Fanzor edita o DNA?

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Antes de seguir, é preciso explicar que a enzima Fanzor é guiada por um RNA — aqui, o ácido nucleico funciona como uma receita com instruções específicas — e pode ser programada para cortar o DNA em um local pré-determinado.

A forma de atuação dessas proteínas é igual a das enzimas de bactérias que atuam no sistema de edição de genes amplamente utilizado, conhecido como CRISPR. Inclusive, foi este método que um pesquisador utilizou, em 2018, sem seguir protocolos éticos, para editar o DNA de embriões humanos. Hoje, nenhuma das tecnologias é classificada como segura para esse tipo de aplicação dentro da terapia genética.

Milhares de novas Fanzors

Desde antes do atual estudo, onde mais de 3,6 mil novas enzimas Fanzors foram descobertas de uma única vez, outros estudos já investigaram a aplicação destas proteínas associadas aos seres eucariontes. A questão foi a dimensão dos novos achados, o que abre precedentes para inúmeras pesquisas.

Só que, de forma geral, este tipo de enzima é ainda uma novidade para os cientistas. Afinal, as enzimas mais usadas na edição genética com a ferramenta CRISPR provém de bactérias procariontes — sem núcleo, com a informação genética dispersa no citoplasma.

A aposta é que essas enzimas presentes em organismos eucariontes, como as algas, podem ser mais adequadas para funcionar, com segurança e eficácia, nas células de outros organismos iguais (com células que têm núcleo), incluindo os humanos. É outro ponto que faz a descoberta ser tão empolgante.

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Nos testes preliminares em laboratório, as novas ferramentas naturais de edição genética conseguiram alterar o DNA humano, mesmo sem otimização. “O fato de funcionarem de forma bastante eficiente em células de mamíferos foi realmente fantástico”, afirma Jonathan Gootenberg, pesquisador do MIT e um dos autores do estudo, em nota.

Futuro da pesquisa

A partir das atuais descobertas, o foco dos pesquisadores é testar melhor como funcionam as proteínas Fanzors na edição genética e, a partir de uma seleção com as mais promissoras, iniciar testes em modelos animais, por exemplo.

No futuro, toda essa pesquisa na área da edição genética poderá resultar em ferramentas para a medicina moderna envolvendo a terapia genética, capazes de curar doenças raras, controlar o câncer e mesmo prolongar a vida humana, com saúde.

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Fonte: Science Advances MIT