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Médicos já podem prescrever game como terapia nos EUA

Por| 16 de Junho de 2020 às 15h48

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Pela primeira vez nos Estados Unidos, um game poderá ser legalmente comercializado e prescrito como medicamento no país. É um marco e tanto para indústria de jogos dgitais e para o que a sociedade entende como medicina. Afinal, um remédio já não precisa significar, necessariamente, um comprimido ou uma injeção, mas pode ser uma plataforma digital, desde que tenha um efeito comprovado e seja seguro.

A decisão inédita foi tomada pela agência federal Food and Drug Administration (FDA), equivalente à Anvisa no Brasil, que passa a autorizar que médicos possam prescrever o jogo EndeavorRX para crianças entre oito e 12 anos de idade com TDAH (transtorno do deficit de atenção com hiperatividade).

A decisão só foi possível depois de anos de testes clínicos que estudaram mais de 850 crianças e que investigavam se um jogo poderia, de alguma forma, fazer a diferença. Desenvolvido para iOS, o EndeavorRX pode ser "administrado" via iPhones ou iPads.

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Entenda o jogo

Em trailer do título ainda não disponível no mercado, os jogadores dirigem um plataforma voadora por diferentes cenários, como espaços glaciais, o fundo do mar e até por dentro de vulcões. Para completar os desafios e avançar, o usuário pode mover seu personagem para a esquerda ou para a direita, acertando alvos e evitando obstáculos.

Mesmo que simples, o ato de jogar o game foi relacionado com uma melhora da capacidade de atenção de um terço das crianças pesquisadas, de acordo com uma pesquisa realizada pela Akili Interactive com 857 crianças. Essa é uma das conclusões que o estudo clínico randomizado e duplo-cego chegou, conforme publicado na revista britânica The Lancet.

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"O AKL-T01 [EndeavorRX] é uma terapia digital investigativa projetada para direcionar a atenção e o controle cognitivo, fornecidos por uma interface semelhante a um videogame via jogo em casa por 25 minutos por dia, 5 dias por semana, durante 4 semanas", afirma a publicação e, dessa maneira, também estabelece a receita básica de pelo menos quatro semanas de videogame obrigatórias. Como efeitos adversos só foram notados frustração e, eventualmente, dores de cabeça pela exposição.

O curioso do estudo é também o termo usado para designar o videogame, a terapia digital. É um nome, relativamente, novo para esse tipo de proposta médica e ainda bastante experimental, já que são poucos os estudos que relacionam as experiências virtuais, diretamente, com os seus efeitos no corpo humano, tal como um remédio. Assim, a medicina começa a entender o digital como uma ferramenta para melhorar as condições humanas.

Medicina virtual

Como resultado da pesquisa, um terço das crianças expostas ao game “não tinha mais um deficit de atenção mensurável em pelo menos uma medida de atenção objetiva”, ou seja, um bom resultado, mas é preciso alertar que a companhia já havia feito outras pesquisas anteriormente e este é o resultado mais positivo obtido até hoje. Os outros resultados foram menos promissores.

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Além disso, é importante ressaltar que a prescrição é apenas parte de um tratamento maior. Até os médicos, que trabalham para a Akili e procuram aperfeiçoar o jogo para esses pacientes, sabem que o estudo não traz evidências suficientes para que o EndeavorRX seja uma “alternativa aos tratamentos estabelecidos e recomendados para o TDAH".

Só que isso não significa que o jogo não auxilie crianças com TDAH, muito pelo contrário. Com a aprovação do FDA, os médicos, agora, poderão usar como alternativa para complementar outros tratamentos que não devem ser abandonados para as crianças com essas condições.

Para a companhia, o próximo passo é realmente lançar o jogo no mercado, afirmou um representante da Akili para o site The Verge. Nessa etapa, a empresa já possui uma lista de espera de famílias que desejam participar com seus filhos.

A seguir, confira o trailer do primeiro videogame que poderá ser receitado para pacientes com TDAH como parte do tratamento:

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Fonte: The Verge Futurism