Largar os antidepressivos de uma vez pode ser perigoso; saiba o que fazer
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
Na última terça-feira (17), o National Institute for Health and Care Experience (NICE) compartilhou diretrizes a respeito de antidepressivos: os pacientes não devem largar de uma vez os medicamentos, mas sim gradativamente. O comitê, que inclui especialistas no tratamento de adultos com depressão, orientou que os profissionais de saúde mental devem primeiro analiser com o paciente se é certo parar a medicação e então estabelecer a velocidade dessa redução da dose.
- Antidepressivos podem melhorar a qualidade de vida de forma duradoura?
- Especialistas questionam uso generalizado de antidepressivos e apontam riscos
Segundo eses comitê, abandonar os antidepressivos aos poucos ajuda a reduzir os efeitos de abstinência e a dependência de longo prazo da medicação. Os especialistas ainda determinam que quaisquer sintomas de abstinência precisam ter sido resolvidos, ou ser toleráveis, antes de fazer a próxima redução de dose.
De acordo com o diretor do Centro de Diretrizes do NICE, Dr. Paul Chrisp, existem milhões de pessoas tomando antidepressivos, mas se um indivíduo decidir que deseja parar de tomar este medicamento, deve ser ajudado por seu médico para fazer isso da maneira mais segura e apropriada.
“Mas deve-se enfatizar que não existe uma abordagem única para todos os casos de abandono dos antidepressivos. A forma como deve ser feito deve depender do indivíduo e de seu profissional de saúde, para decidir uma maneira de funcionar e somente quando os efeitos colaterais puderem ser controlados com segurança", afirma o Chrisp.
De acordo com dados da NHS Business Services Authority (órgão público executivo não departamental do Departamento de Saúde do Reino Unido), havia cerca de 21,4 milhões de medicamentos antidepressivos prescritos entre julho e setembro de 2022. Cerca de uma em cada seis (17%) pessoas com 16 anos ou mais tomou pelo menos um antidepressivo no país no ano de 2021. A taxa continua maior do que antes da pandemia do coronavírus (julho de 2019 a março de 2020), onde 10% dos adultos tiveram algum tipo de depressão.
Depressão no Brasil
O Ministério da Saúde aponta que a prevalência de depressão ao longo da vida no Brasil está em torno de 15,5%. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a prevalência de depressão na rede de atenção primária de saúde é 10,4%, isoladamente ou associada a um transtorno físico. A depressão ocupa o quarto lugar entre as principais causas de ônus, respondendo por 4,4% dos ônus acarretados por todas as doenças durante a vida, conforme indica a OMS.
Os fatores de risco para depressão envolvem histórico familiar, transtornos psiquiátricos correlatos, estresse crônico, ansiedade crônica, disfunções hormonais, dependência de álcool e drogas ilícitas, traumas psicológicos, doenças cardiovasculares, endocrinológicas, neurológicas, conflitos conjugais e mudança brusca de condições financeiras e desemprego.
Fonte: National Institute for Health and Care Experience; Ministério da Saúde