Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Especialistas questionam uso generalizado de antidepressivos e apontam riscos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 25 de Março de 2022 às 08h30

Link copiado!

Prostock-studio/envato
Prostock-studio/envato

Um pequeno grupo de especialistas questiona o uso generalizado de antidepressivos e aponta que a medicação deveria ser prescrita apenas quando outras opções de tratamento se esgotarem. No entanto, o movimento é o contrário em muitos países, onde o uso deste tipo de remédio cresce ano após ano.

Além do amplo uso de antidepressivos, alguns psiquiatras apontam para discussões sobre a real eficácia dos medicamentos. O argumento é de que, em alguns casos, a medicação pode não trazer os benefícios esperados para o paciente. Inclusive, pode desencadear alguns efeitos indesejados.

Continua após a publicidade

Vale explicar que, de forma geral, um antidepressivo é receitado para estabilizar um desequilíbrio químico no cérebro. Para ser mais específico, busca resolver a falta de serotonina. Os efeitos esperados tendem a ser a melhora da cognição e do humor, por exemplo.

Efeitos indesejados dos antidepressivos

Segundo reportagem da revista norte-americana The Nation, não é um completo consenso que os medicamentos tratam, de forma efetiva, as causas da depressão. Por outro lado, o que se sabe é que a medicação é eficaz no alívio dos sintomas da doença. Outro argumento do grupo é que afetar o comportamento dos neurotransmissores pode ter algumas consequências negativas.

Como uma das evidências apresentadas, está o relato de caso do médico Mark Horowitz, que usou diariamente antidepressivos dos 21 aos 35 anos. Após iniciar o uso de um medicamento do tipo, passou a sentir sonolência e perda de concentração. Durante os anos, trocou de medicação e, um dia, decidiu reduzir, de forma gradual, o uso dos remédios.

Continua após a publicidade

Quando chegou próximo de zerar a medicação, Horowitz relatou que, à noite, tinha o sono interrompido por crises de pânico. "Senti como se estivesse à beira de um penhasco sendo perseguido por um animal", afirma. Por causa da abstinência, voltou a usar a medicação, mas em doses menores.

Apesar da importância do relato, um único caso não comprova quase nada em termos de evidências científicas e diferentes fatores podem estar relacionados na experiência negativa de Horowitz com os antidepressivos.

Estudos sobre a questão

Continua após a publicidade

Entre as vozes que alertam para os potenciais riscos dos antidepressivos, está Irving Kirsch, professor de psicologia da Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos. Em 2014, Kirsch publicou uma meta-análise sobre os efeitos dos antidepressivos. Basicamente, é um estudo que compara outras pesquisas já feitas sobre o mesmo tema.

Publicado na revista científica Z. Psychol, o estudo apontou que 75% do efeito dos antidepressivos poderia ser atribuído ao efeito placebo. "As análises dos dados publicados e dos dados não publicados que foram ocultados pelas empresas farmacêuticas revelam que a maioria (se não todos) dos benefícios se deve ao efeito placebo", afirmou.

Isso porque "alguns antidepressivos aumentam os níveis de serotonina, alguns diminuem e alguns não têm nenhum efeito sobre a serotonina. No entanto, todos eles mostram o mesmo benefício terapêutico", completou sobre a questão do efeito placebo.

Além disso, Kirsch aponta: "Entre os efeitos colaterais dos antidepressivos estão a disfunção sexual (que afeta 70% a 80% dos pacientes em uso de ISRS [Inibidores seletivos da recaptação de serotonina]), ganho de peso a longo prazo, insônia, náusea e diarreia. Aproximadamente 20% das pessoas que tentaram parar de tomar antidepressivos apresentam sintomas de abstinência".

Continua após a publicidade

Uso generalizado do medicamento cresce

Na ciência, o argumento deste grupo de pesquisadores está longe de um consenso. Em contrapartida, inúmeros médicos e cientistas apontam para os benefícios dos antidepressivos, quando bem usados e feitos com o acompanhamento adequado.

Apesar disso, é inegável que o uso generalizado desse tipo de medicação pode representar um problema a ser analisado pelas autoridades de saúde pública. Nos EUA, desde 1986 — quando o Prozac foi lançado —, o uso desses medicamentos aumenta, praticamente, todos os anos.

Continua após a publicidade

De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), um questionário revelou que 13,2% das pessoas com mais de 18 anos tinham usado algum antidepressivo nos últimos 30 dias. Além disso, "o uso foi maior entre as mulheres (17,7%) do que entre os homens (8,4%)" entre os anos de 2015 e 2018.

Precisa falar com alguém on-line? Conheça o Terapize.

Fonte: The Nation, CDC e Z. Psychol