Iraque tem surto de febre hemorrágica, doença que pode fazer sangrar até a morte
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 01 de Junho de 2022 às 17h45
Segundo autoridades de saúde, o Iraque enfrenta o pior surto já registrado da febre hemorrágica da Crimeia-Congo (CCHF), causada pelo contato com carrapatos ou humanos infectados. Sem tratamento adequado, o paciente pode sofrer com intensos sangramentos tanto internos quanto externos — neste último caso, o nariz não para de sangrar. Em quadros extremos, a pessoa pode morrer.
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Desde o começo deste ano, foram identificados 111 casos da fere hemorrágica na população do Iraque, sendo que 19 óbitos foram notificados, de acordo com apuração da Agence France-Presse. A taxa de mortalidade em pacientes hospitalizados varia de 9% a 50%.
Em 1979, o país registrou o primeiro caso de CCHF, mas, em 43 anos da presença da infecção na região, os números nunca foram tão altos. "O número de casos registrados é sem precedentes", explica Haidar Hantouche, oficial de saúde da província de Dhi Qar.
Por causa de festividades locais, a tendência é que os casos ainda aumentem nas próximas semanas. A origem do surto da febre hemorrágica ainda está em investigação, mas existem dois principias fatores de risco:
- Menor número de campanhas de pulverização de carrapatos entre 2020 e 2021;
- Consequências do aquecimento global, já que este prolongou o período de multiplicação dos carrapatos.
Afinal, o que é febre hemorrágica?
Vale explicar que a febre hemorrágica da Crimeia-Congo é causada pela infecção por um vírus transmitido por carrapatos (Nairovirus) da família Bunyaviridae. No mundo, casos da doença estão, historicamente, concentrados na Europa Oriental, no Mediterrâneo e em algumas regiões da Ásia e da África.
Inicialmente, a doença foi identificada na Crimeia em 1944. Mais tarde, em 1969, também foi considerada a responsável por casos de um tipo de hemorragia na República Democrático do Congo. Por isso, carrega em seu nome a menção aos dois países.
Sintomas da infecção
De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, a febre hemorrágica tem início súbito. Nos primeiros estágios da infecção, os pacientes tendem a relatar os seguintes sintomas:
- Dor de cabeça;
- Febre alta;
- Dor nas costas;
- Dor nas articulações;
- Dor de estômago;
- Vômitos;
- Olhos vermelhos ou icterícia (olhos amarelados).
"À medida que a doença progride, grandes áreas de hematomas graves, hemorragias nasais graves e sangramento descontrolado podem ser vistos, começando por volta do quarto dia da doença e durando cerca de duas semanas", detalha o CDC.
Como o vírus é transmitido?
De forma geral, o vírus é transmitido por carrapatos infectados ou pelo sangue da animais que estão com a infecção, como bois e ovelhas. No entanto, humanos contaminados também podem transmitir para pessoas saudáveis. "A CCHF pode ser transmitido de um humano infectado para outro por contato com sangue ou fluidos corporais infecciosos", explica o CDC.
No momento, não há vacina segura e eficaz disponível para a imunização de humanos contra a febre hemorrágica.
Fonte: CDC e Medical Xpress