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Injeção de vírus zika destrói tumor cerebral em roedores e pode virar tratamento

Por| Editado por Luciana Zaramela | 28 de Outubro de 2021 às 16h07

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FabrikaPhoto/Envato Elements
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No combate ao câncer no cérebro, cientistas brasileiros podem ter descoberto uma nova forma de tratamento, a partir do vírus zika. Em estudo pré-clínico feito com roedores, foi possível destruir tumores cerebrais com apenas três injeções, desenvolvidas com o agente infeccioso, e não foram observados danos neurológicos nos animais. No futuro, a descoberta pode levar a uma revolucionária terapia para humanos.

Publicado na revista científica Viruses, o estudo inicial contra o câncer foi desenvolvido por cientistas do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) da Universidade de São Paulo (USP). A próxima etapa de validação envolverá a participação de testes em cachorros.

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Por mais que a pesquisa ainda deva levar anos para ser concluída, as descobertas abrem boas perspectivas para o uso da viroterapia em tumores do sistema nervoso central (SNC). Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), foram registrados 11 mil novos casos da doença no Brasil, em 2020.

Estudo do vírus zika contra o câncer

Durante os testes publicados, os pesquisadores aplicaram as três doses da injeção com vírus zika por via intraperitoneal e as aplicações respeitaram o mesmo intervalo de tempo entre as doses. Segundo os autores, os efeitos da terapia foram tolerados e, durante o tratamento, os animais continuaram a se alimentar, não perderam peso e mantiveram boas condições clínicas.

Além disso, a equipe de pesquisadores também injetou o zika em uma organoide cerebral — uma forma de órgão semelhante ao cérebro humano criado in vitro, a partir de células-tronco — e foi possível observar que o vírus impediu a progressão do tumor, chegando a reduzi-lo.

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Segundo os autores do estudo, nos dois modelos — em animais e in vitro —, o tratamento gerou resultados positivos. Inclusive, no modelo animal, as proteínas que regulam a resposta imunológica (citocinas) suprimiram a progressão do tumor e houve aumento da migração de células de defesa para o cérebro afetado pelo câncer, o que ativou o sistema imunológico contra as células cancerígenas.

Desafios da pesquisa oncológica

Agora, a equipe de pesquisadores deve iniciar uma nova etapa da pesquisa, em que serão recrutados cachorros acometidos por tumores cerebrais. A ideia é buscar por animais de raças e tamanhos diferentes, dando maior diversidade para os possíveis resultados obtidos.

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“Os cães são modelos extremamente importantes antes de pensarmos em testar em pacientes, pois têm tumores muito semelhantes aos seres humanos e sistema imunológico preservado. Será possível analisar tumores diferentes”, explicou Mayana Zatz, professora do Instituto de Biociências (IB) da USP e coordenadora do CEGH-CEL — um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Para acessar o estudo completo sobre as injeções do vírus zika contra o câncer, publicado na revista científica Viruses, clique aqui.

Fonte: Jornal da USP