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Imunidade de rebanho? São Paulo (SP) teve mais de 1,5 milhão de casos de COVID

Por| 11 de Agosto de 2020 às 20h30

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Ashkan Forouzani/Unsplash
Ashkan Forouzani/Unsplash

Oficialmente, a cidade de São Paulo registra 214 mil casos do novo coronavírus (SARS-CoV-2), segundo os dados da Secretária de Saúde de ontem (10). Entretanto, pesquisadores estimam que 1,5 milhão de pessoas — o que equivale a 17,9% da população com 18 anos ou mais — podem ter contraído a COVID-19 na capital paulista entre os meses de fevereiro e julho desse ano. Com a margem de erro, a estimativa pode variar de 1,26 a 1,75 milhão.

O número é resultado da terceira fase de pesquisa do SoroEpi MSP, um projeto colaborativo que monitora a prevalência de infecções pelo novo coronavírus no município de São Paulo. Desde maio, pesquisadores estudam casos da COVID-19 na capital, aplicando testes de anticorpos em amostras de sangue de milhares de adultos. A partir dos resultados, novas políticas públicas são pensadas para o controle da epidemia.

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Na terceira fase sobre as estimativas de julho, foram analisadas 1.470 amostras de sangue de moradores da capital paulista, entre os dias 20 e 29 de julho. Entre os que contribuem para o levantamento da estimativa, estão os pesquisadores da Universidade de São Paulo e do Instituto de Saúde da Secretaria da Saúde do Estado, além de apoio do Grupo Fleury, IBOPE Inteligência, Instituto Semeia e Todos pela Saúde.

Imunidade de rebanho?

De acordo com os resultados encontrados pelo levantamento, a capital está se aproximando de uma situação conhecida como imunidade de rebanho ou imunidade coletiva, onde a doença não consegue mais se alastrar, desde que não haja reinfecção, por causa do elevado número de pessoas já contaminadas e com anticorpos contra o coronavírus. Em tese, o vírus encontraria mais dificuldade em buscar hospedeiros. 

No entanto, pesquisadores ainda não sabem qual é, exatamente, a proporção necessária de pessoas com anticorpos para que esse tipo de imunidade coletiva funcione de forma adequada e não cause um novo aumento de casos. O consenso é que esse número oscile entre 25% a 30%.

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“Estamos perto de 20%, e isso começa a ficar muito próximo da estimativa que se faz [da imunidade de rebanho]. O vírus começa a ter mais dificuldade de se locomover, não acha tantas pessoas altamente suscetíveis”, destacou o pesquisador Celso Granato, do Grupo Fleury e da Universidade Federal Paulista (Unifesp).  

Efeito do relaxamento

Ainda é cedo para avaliar se a liberação de atividades na cidade, promovida pelos planos de retomada econômica, e o relaxamento do isolamento social, tenham tido impacto na proliferação do coronavírus, explica o biólogo Fernando Reinach, um dos responsáveis pelo projeto. Isso porque não houve alteração na proporção de infectados decorridos 35 dias entre a fase 2 e a fase 3.

“Nos 35 dias que se passaram [entre a fase 2 e 3 da pesquisa], a gente não viu um resultado muito grande da abertura, mas ainda é muito cedo. O aparecimento de casos graves nos hospitais leva 20 a 30 dias [após a abertura] e o aparecimento de mortes, 30 ou mais dias. Aparentemente, pelos nossos dados e dados de novos casos e mortes, [a abertura] não está tendo efeito [negativo]”, pontua Reinach.

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Desigualdades na COVID-19

De maneira semelhante aos resultados da fase anterior, os dados demonstram que a prevalência da COVID-19 reflete a desigualdade social presente na cidade de São Paulo. Para isso, a pesquisa considerou três grupos socioeconômicos na capital, com base na renda média:  baixa até R$ 3.349; intermediária de R$ 3.350 a R$ 5.540; e alta a partir de R$ 5.541.

Nas análises, a frequência de indivíduos com anticorpos contra o novo coronavírus (ou seja, aqueles que já contraíram a COVID-19) corresponde a 22,0% no grupo de baixa renda. Já para as famílias dos grupos de rendas intermediária e alta, a soroprevalência foi de 18,4% e 9,4%, respectivamente.   

Além disso, um número mais elevado de casos da COVID-19 foi relacionado com grau de escolaridade mais baixa. Já que aqueles que não chegaram a completar o ensino fundamental apresentam soropositividade de 22,5%, enquanto o grupo que cursou esse nível escolar possui 23,7%. Nos indivíduos que cursaram o ensino médio, este número é de 17,5%; e naqueles com ensino superior, 12%.

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Por fim, os pesquisadores também identificaram que a epidemia do novo coronavírus atinge mais os pretos e pardos na capital paulista. Afinal, o estudo estatístico determinou que esses grupos apresentam uma soroprevalência de 20,8%. Por outro lado, os brancos apresentam 15,4%.   

Fonte: Agência Brasil e Secretaria de Saúde de SP