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A partir de outros coronavírus, estudo aposta em imunidade curta contra COVID-19

Por| 16 de Setembro de 2020 às 07h50

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Kjpargeter/Freepik
Kjpargeter/Freepik

Por enquanto, a ciência e os pesquisadores parecem estar distantes de um consenso sobre a existência (ou não) da imunidade duradoura após infecções pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). Recentemente, um estudo chinês defendeu que o número de anticorpos em pacientes assintomáticos da COVID-19 cai, de forma significativa, após três meses. Por outro lado, um estudo islandês argumenta sobre a existência, sim, da imunidade de longo prazo.  Agora, recente estudo comparativo aposta que a reinfecção pode ser possível após 12 meses, com base em análises de outros coronavírus (não causadores da COVID-19). 

Todas essas dúvidas sobre a duração da imunidade protetora contra o coronavírus SARS-CoV-2 só não foram respondidas, porque o vírus da COVID-19 é muito recente e ainda não é viável verificar se um grande número de pacientes se reinfectou, após determinado tempo.

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Por isso, uma pesquisa da Universidade de Amsterdã, na Holanda, resolveu comparar a imunidade do novo agente infeccioso com a de outros quatro coronavírus sazonais semelhantes, já conhecidos pela ciência. Com base nesta análise, a imunidade contra a COVID-19 deve ser curta, diz o estudo.   

Pesquisa com coronavírus sazonais

Até o momento, pesquisadores já sabem que são possíveis casos de reinfecção pelo novo coronavírus, mesmo que essa seja uma condição rara quando comparada aos mais 29 milhões de pessoas que já contraíram a COVID-19 no mundo. Só que em alguns casos, o paciente não apresentou, então, uma imunidade contra a COVID-19, mas isso está longe de ser uma regra, de acordo com as evidências científicas.

Para entender a situação de forma comparativa, um grupo da Universidade de Amsterdã analisou o caso de dez indivíduos saudáveis que foram monitorados ao longo de 35 anos. No estudo, a ideia foi entender como o sistema imunológico destes pacientes reagiam em relação a quatro tipos de coronavírus sazonais e que causam infecções respiratórias em humanos. Especificamente, foram estudados: HCoV-NL63; HCoV-229E; HCoV-OC43; e HCoV-HKU1.

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No caso dos pacientes analisados, a reinfecção pelo mesmo coronavírus sazonal foi percebida, em média, um ano após a infecção inicial. É isso que sugere a importância de medidas que propaguem uma imunidade de longo prazo contra a COVID-19, como campanhas de vacinação em massa, já que, em tese, as pessoas poderiam se contaminar após esse período de 12 meses.

Segundo os autores, as características compartilhadas pelos coronavírus estudados podem ser universais entre essa família de vírus, incluindo o novo SARS-CoV-2. "Os insights de infecções com os quatro coronavírus humanos sazonais podem revelar características comuns aplicáveis ​​a todos os coronavírus humanos", afirma o estudo.

Frequência de reinfecção por coronavírus

Para verificar a frequência em que se ocorre infecções sazonais por coronavírus, os pesquisadores examinaram um total de 513 amostras, coletadas em intervalos regulares desde a década de 1980, dos dez participantes do estudo, sendo todos habitantes da cidade de Amsterdã.

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Dessa forma, foi possível mensurar a variação no número de anticorpos para cada um dos coronavírus sazonais. Cada vez que avaliavam um aumento significativo no número de anticorpos, os autores do estudo consideravam que o paciente estava contaminado ou teve contato recente com um dos quatro vírus. No total, foram observadas de três a 17 infecções por coronavírus entre cada um dos pacientes, com tempos de reinfecção de seis até 105 meses. Entretanto, as reinfecções foram, mais frequentemente, observadas 12 meses após a infecção inicial.

Uma curiosidade é que as amostras coletadas durante os meses de junho, julho, agosto e setembro tiveram a menor taxa de infecções para todos os quatro coronavírus sazonais. Uma hipótese é de haja uma maior frequência de infecções por esta família de vírus no inverno em países temperados. Segundo os autores, o SARS-CoV-2 também pode compartilhar esse mesmo padrão após a pandemia.

No entanto, o estudo precisa ser lido com cautela e mais como um possível caminho a ser estudo para se compreender a imunidade contra a COVID-19. Isso porque são necessárias pesquisas com um maior número de participantes — foram avaliados apenas a resposta imunológica de dez pessoas —  e, mesmo que sejam parecidos, foram comparados agentes infecciosos diferentes. 

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Publicado na revista científica Nature, o estudo pode ser acessado aqui.

Fonte: Nature via Medical X Press