"Impressão digital" do cérebro prevê transtornos mentais em crianças e jovens
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 09 de Novembro de 2023 às 09h34
Os biomarcadores do cérebro podem prever de forma eficaz o desenvolvimento cognitivo e futuros problemas psiquiátricos em crianças e jovens. A afirmação vem de um estudo conduzido pela Georgia State University e publicado na revista científica Nature Mental Health na última segunda-feira (6).
- Cérebro humano é tão mole que pode desmoronar quando está no estado natural
- Como o cérebro processa a passagem de tempo
Para chegar a isso, os pesquisadores analisaram os dados de 9 mil crianças de até 11 anos. O grupo diz que a conectividade de rede funcional de uma criança é robusta e estável, com elevada semelhança entre exames e pode servir como uma "impressão digital" do cérebro, o órgão mais misterioso do corpo humano.
Essa marca única de cada cérebro pode transportar informações biologicamente significativas, especialmente durante a adolescência, que é um período de mudanças significativas no cérebro. Dito isso, a variabilidade da conectividade funcional pode prever uma ampla gama de comportamentos das crianças, incluindo cognição, saúde mental e condições de sono.
Na ocasião, a equipe de pesquisa foi capaz de prever com precisão uma série de condições ou resultados, incluindo desempenho cognitivo e problemas psiquiátricos. Os pesquisadores também conseguiram prever as condições de sono e o uso da tela com base na estabilidade da conectividade de rede funcional.
"Indivíduos com maior variabilidade de conectividade de rede funcional tendem a ter menor desempenho cognitivo e mais problemas de saúde mental", afirmam os pesquisadores.
Conectividade funcional prevê riscos
O comunicado divulgado pela própria universidade ainda cita um segundo estudo, publicado na Biological Psychiatry, em que os pesquisdores revelaram que a conectividade funcional da rede contém informações relevntes para avaliar os riscos psiquiátricos.
Como parte do estudo, os pesquisadores desenvolveram uma pontuação de risco cerebral que aponta as diferenças da conectividade de um indivíduo saudável e as de alguém com transtornos mentais.
Essa pontuação revelou padrões de conectividade para cada transtorno psiquiátrico em mais de 8 mil adolescentes, variando de baixo a alto risco. Trata-se, então, de uma ferramenta capaz de avaliar a vulnerabilidade psiquiátrica ao longo do tempo.
Fonte: Georgia State University, Nature Mental Health, Biol Psychiatry