IA descobre novo antibiótico contra superbactéria das mais perigosas
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela | •
O uso da Inteligência Artificial (IA) já está revolucionando a busca por novos medicamentos, como os antibióticos que combatem as superbactérias. É o que aponta uma equipe de cientistas em novo estudo, publicado na revista Nature Chemical Biology. A estratégia permitiu a identificação de um novo composto, a abaucina, que deve destruir uma das mais perigosas bactérias para os humanos.
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Bastante promissora, a pesquisa que usa IA para identificar possíveis antibióticos é liderada por pesquisadores da Universidade McMaster, no Canadá, e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos. Hoje, o remédio ainda precisa ser testado amplamente em animais e, posteriormente, em humanos.
Antibiótico contra uma das bactérias mais perigosas
Em fase de desenvolvimento, os cientistas acreditam ter descoberto um antibiótico contra a bactéria Acinetobacter baumannii, considerada uma das superbactérias mais perigosas no mundo por levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O risco da bactéria é tanto que ela foi incluída na lista de "patógenos prioritários" da OMS, que deve guiar farmacêuticas e cientistas na busca de novos medicamentos. A listagem é dividida em três níveis, conforme o grau de periculosidade: escala crítica, alta e média.
No entendimento da organização, a A. baumannii configura na escala crítica, ao lado de outras duas bactérias resistentes aos medicamentos tradicionais, a Pseudomonas aeruginosa e as da família Enterobacteriaceae. Todas resistem à potente classe de antibióticos Carbapenens. De forma geral, faltam remédios para lidar com o problema crescente da da resistência antimicrobiana, o que pode ter implicações na saúde global.
Quem corre mais risco com a superbactéria?
O grande risco envolvendo a bactéria A. baumannii está no fato dela sobreviver em superfícies por longos períodos, o que a torna um problema para hospitais, lares de idosos e pacientes que usam aparelhos hospitalares (como ventilador mecânico). Nos infectados, pode causar pneumonia, meningite e até o óbito.
IA revoluciona testes de novos remédios
Para descobrir novas formas de controle da superbactéria, os cientistas norte-americanos e canadenses trabalharam em um algoritmo de IA, capaz de projetar estruturas inéditas de moléculas antibacterianas e estimar quais podem ser promissoras. Nesse processo, é que descobriram o potencial remédio abaucina. Caso dependessem dos modelos tradicionais, o processo levaria anos e custaria muito mais.
“As abordagens de IA para a descoberta de medicamentos vieram para ficar e continuarão a ser refinadas”, afirma James J. Collins, professor de engenharia médica e ciência no MIT, em comunicado. “Sabemos que os modelos algorítmicos funcionam, agora, é uma questão de adotar amplamente esses métodos para descobrir novos antibióticos de maneira mais eficiente e econômica”, acrescenta.
Quanto ao antibiótico já encontrado, o especialista explica que ele demonstrou ser eficaz na primeira rodada de testes in vitro (no laboratório). Os próximos passos envolvem testes em modelos animais e, um dia, em humanos.
Fonte: OMS, Nature Chemical Biology e McMaster University