Antibiótico de 80 anos pode ser a resposta contra superbactérias
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 18 de Maio de 2023 às 14h10
A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta, há tempos, sobre o risco que as superbactérias representam para a saúde pública. Considerando o perigo iminente dos agentes infecciosos que não respondem aos antibióticos comuns, um grupo de pesquisadores da Escola Médica de Harvard, nos Estados Unidos, revisitou os estudos sobre o tema. Aí, descobriram um remédio extremamente potente, desenvolvido há 80 anos, mas nunca usado na prática.
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Descoberto nos anos 1940, o antibiótico nourseotricina é, na verdade, um produto natural feito a partir de um fungo. Em sua composição, estão múltiplas formas de uma molécula chamada estreptotricina, com ação antibacteriana. O composto é bastante eficaz contra as bactérias gram-negativas.
Por que o antibiótico de 80 anos nunca foi usado?
Até o momento, estamos falando de um suposto remédio descoberto há mais de 80 anos, vindo do túnel do tempo, mas nunca usado. Para isso, há uma explicação: o antibiótico é tão forte que se torna tóxico para os rins, causando possivelmente lesões renais. É isso que levou a interrupção das pesquisas.
Entretanto, no novo estudo, publicado na revista científica PLoS Biology, os cientistas acreditam ter outras formas de uso do composto. Para ser mais preciso, a equipe aposta que apenas um dos múltiplos compostos que a nourseotricina carrega, a estreptotricina-F, pode ser capaz de combater as superbactérias. Diferente dos outros, ela é menos tóxica nos testes in vitro (em laboratório) e, mesmo assim, é altamente funcional contra as superbactérias atuais.
Futuro da pesquisa contra as superbactérias
“Descobrimos que [a ação do antibiótico estreptotricina] não é apenas potente, mas é também altamente ativa contra os patógenos multirresistentes contemporâneos mais resistentes e funciona por meio de um mecanismo único para inibir a síntese de proteínas”, afirma James Kirby, um dos autores do estudo, em nota.
Dessa forma, Kirby defende a realização de mais estudos envolvendo o potencial medicamento. “Acreditamos que a estreptotricina deva ser melhor explorada na fase pré-clínica, como uma terapêutica potencial para o tratamento de patógenos gram-negativos multirresistentes”, acrescenta. No futuro, testes podem envolver humanos.