Guerra na Ucrânia impacta hospitais, que lutam para manter pacientes vivos
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 02 de Março de 2022 às 12h20
Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, os centros de saúde do país começam a enfrentar dificuldades, como a falta de insumos e, em alguns casos, falta de energia elétrica. Diante deste cenário, profissionais de saúde de um hospital pediátrico enfrentam desafios para tratar crianças com câncer na cidade Chernihiv — o local fica a 140 quilômetros da capital Kiev.
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A cidade ucraniana foi bombardeada por mísseis russos na última segunda-feira (28) e, desde então, a situação dos pacientes oncológicos e das equipes médicas no hospital local é crítica. Isso porque tropas da Rússia cercam Chernihiv, enquanto faltam analgésicos para o tratamento do câncer.
“Não sabemos quanto tempo temos”, afirma Serhiy Zosimenko, um dos voluntários do hospital, durante entrevista para o jornal The Guardian. “Na verdade, não sabemos como sobreviver aqui, é irreal. Não temos mais recursos”, revela Zosimenko.
Falta de insumos
Farmácias e lojas da cidade doam suprimentos, como remédios e alimentos, para atender às necessidades mais básicas do hospital. No entanto, o estoque de analgésicos já está em falta para o tratamento das crianças da ala oncológica.
“Quando as pessoas estão doentes com câncer, elas precisam de muitos analgésicos", explica Zosimenko sobre a importância da morfina no tratamento. “Por exemplo, o hospital de oncologia, em Chernihiv, tem apenas oito ampolas de morfina ou de outros analgésicos”, detalha.
Isso porque o centro médico não estava preparado para os ataques e, nas atuais condições, a equipe teme por casos da covid-19 entre os pacientes, já que as condições foram precarizadas. “Todo mundo está cansado, especialmente a equipe médica", comenta Zosimenko.
Dá para buscar ajuda em outros locais?
Diante da situação da Ucrânia, hospitais na Polônia e na Eslováquia estão dispostos a continuar com o tratamento dos pacientes, de forma gratuita, mas as crianças de 2 a 15 anos não conseguem deixar o país. No momento, a única saída seria por via área, já que a cidade está sitiada.
“O problema é que não podemos evacuar as crianças pela rota terrestre, só podemos evacuá-las por via aérea”, afirma Zosimenko. “Todas as rotas para a nossa cidade estão minadas”, explica. A estratégia dos explosivos foi adotada pelo próprio grupo ucraniano, como forma de defesa extrema, já que pode impedir a entrada dos russos.
Mais dificuldades de saúde na Ucrânia
Na segunda-feira (28), a Organização Mundial da Saúde (OMS) também alertou para o risco de desabastecimento de oxigênio para o tratamento de pacientes internados em hospitais ucranianos. O sistema de saúde do país enfrenta estágio crítico.
Após a invasão, a OMS estima um aumento de 20% a 25% no consumo nacional de oxigênio. Agora, "a situação do suprimento de oxigênio está chegando a um ponto muito perigoso na Ucrânia", afirma a organização, em nota.
No momento, os serviços hospitalares também são afetados pela falta de eletricidade e energia. Além disso, "as ambulâncias que transportam pacientes arriscam serem pegas no fogo cruzado", segundo a OMS.
Fonte: The Guardian