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Fiocruz quer testar novo remédio da covid-19 em humanos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 19 de Janeiro de 2023 às 10h07

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ElenNika/Envato
ElenNika/Envato

Cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) trabalham no desenvolvimento de um novo antiviral contra a covid-19, em parceria com a empresa Microbiológica e o Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (CIEnP). Encapsulado em pílulas, o remédio deve, em breve, ser testado em humanos, após liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Oficialmente, o remédio da Fiocruz recebe o nome de MB-905. Até o momento, os testes in vitro e com modelos animais demonstraram que a medicação é eficaz no combate do coronavírus SARS-CoV-2 e também apresenta ação anti-inflamatória. Os resultados iniciais da pesquisa foram publicados na revista científica Nature Communication.

Pesquisa e produção 100% nacionais do remédio da covid-19

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Se a pesquisa for autorizada pela Anvisa e os testes de Fase 1 começarem, este pode ser o primeiro medicamento contra a covid-19 desenvolvido de forma integral no Brasil. Hoje, as medicações usadas no país são importadas, como o Paxlovid.

“A ideia é que a gente possa cumprir todas as etapas necessárias para o desenvolvimento desse medicamento no Brasil, desde a fase de planejamento, síntese, caracterização química, caracterização de mecanismo de ação e os estudos pré-clínicos de segurança, tolerabilidade e eficácia", explica Thiago Moreno, do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz), em comunicado.

"Nosso objetivo é que essa substância possa se tornar um antiviral inovador, desenvolvido no país desde a sua concepção, visando a que a gente tenha mais independência nesse tipo de tecnologia que teria alto custo de importação para o [Sistema Único de Saúde] SUS”, acrescenta.

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O que faz a pílula da Fiocruz contra a covid-19?

Para entender, o novo medicamento da Fiocruz foi purificado a partir da cinetina — um hormônio vegetal que, na planta, estimula a divisão celular. No organismo, deve agir como um antiviral e, segundo os testes, consegue desorganizar o genoma viral durante a síntese de RNA. Basicamente, impede a replicação do coronavírus.

Além disso, a medicação pode frear o processo inflamatório desencadeado pelo vírus da covid-19, já que consegue diminuir o nível de citocinas associadas aos glóbulos brancos. Em casos graves, a doença provoca o fenômeno conhecido como tempestade de citocinas — onde o próprio organismo ataca a si mesmo —, o que agrava ainda mais o quadro do paciente.

Todas essas descobertas sobre o funcionamento do remédio MB-905 foram obtidas em testes com linhagens de células humanas hepáticas e pulmonares expostas ao coronavírus. Experimentos com camundongos e hamsters também confirmaram a ação. Agora, é necessário iniciar os testes em humanos, como solicita a Fiocruz.

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Fonte: Nature CommunicationAgência Fiocruz