Fiocruz investiga os impactos do vazamento de nudes na saúde da vítima
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |

Pesquisadores da Fiocruz Minas investigaram os efeitos do vazamento de imagens íntimas, como nudes, na saúde mental das vítimas. Após o compartilhamento de imagens e vídeos do tipo, a equipe observou diferentes tipos de danos, como transtornos alimentares, depressão e tentativas de suicídio. É importante destacar que a distribuição desses materiais, sem autorização, é crime.
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O estudo foi desenvolvido pelo Grupo de Violência, Gênero e Saúde da Fiocruz Minas, através do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Até o momento, as investigações já se desdobram em dois artigos, publicados nas revistas Interface e Ciência & Saúde Coletiva.
O que pode acontecer com as vítimas?
Segundo o grupo de pesquisadores, foi possível observar os seguintes quadros ou desdobramentos após o vazamento de nudes e de vídeos íntimos:
- Automutilação;
- Depressão;
- Diferentes tipos de fobias;
- Tentativas de suicídio;
- Transtorno alimentar;
- Alcoolismo;
- Dificuldades de se relacionar socialmente;
- Problemas de autoestima.
A intensidade e o nível dos transtornos tendem a variar, de acordo com o nível de exposição do material, a história de vida e a estrutura familiar. Nestes casos, o apoio da família costuma ser importante para a recuperação das vítimas.
Interpretando os quadros
De forma geral, a exposição da intimidade agrava fragilidades pré-existentes. “É o caso de distúrbios alimentares e estados depressivos. Quem já tinha predisposições, desenvolveu. Outra consequência importante é o sentimento de culpa, relatado tanto pelas vítimas como pelos profissionais [que atendem esses indivíduos]", explica Laís Barbosa Patrocínio, uma das autoras do estudo, em comunicado.
"É uma culpabilização externa que acaba virando interna e vai minando a autoestima. Isso interfere em todo o processo, porque a mulher deixa de procurar ajuda porque se sente culpada, acha que, de alguma forma, contribuiu para a situação”, acrescenta. "Muitas das entrevistadas relataram que o que mais machuca não é a vergonha da exposição, mas o fato de não serem apoiadas por familiares e amigos”, completa Patrocínio.
Estudo sobre os impactos do vazamento de nudes
Para chegar a estas conclusões, a equipe de cientistas realizou entrevistas em profundidade, durante o segundo semestre de 2020, com 17 mulheres que tiveram imagens íntimas divulgadas sem autorização. A idade das participantes variou entre 17 e 50 anos. No estudo, foi possível englobar pessoas de 18 cidades de seis estados brasileiros.
Além disso, foram entrevistados 10 profissionais de saúde ou da assistência social que atendem vítimas desse tipo de violência. No caso do grupo segundo grupo, foi solicitado para que relatassem casos atendidos, cuidados dispensados e desafios no atendimento. Em breve mais artigos sobre os resultados da iniciativa devem ser publicados.
Fonte: Interface, Ciência & Saúde Coletiva e Agência Fiocruz