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Febre maculosa afeta sistema nervoso, pode causar paralisia e até coma

Por| Editado por Luciana Zaramela | 15 de Junho de 2023 às 12h42

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Halfpoint/Envato
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A febre maculosa é quase sempre associada com o carrapato-estrela, que transmite a infecção bacteriana, e pela sua elevada letalidade na região Sudeste do Brasil. No entanto, pouca gente sabe que a doença afeta o sistema nervoso e pode causar até paralisia, quando não tratada.

Na verdade, a lista de possíveis complicações neurológicas da febre maculosa é extensa. Por exemplo, os pacientes podem desenvolver crises convulsivas, confusão mental ou mesmo entrar em coma, além dos episódios de paralisia.

Para entender quais são os riscos da doença do carrapato-estrela para o sistema nervoso, o Canaltech conversou com Antônio Araújo, médico neurocirurgião da clínica Araújo & Fazzito e membro do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês. O especialista adianta que “as manifestações neurológicas são uma complicação comum da febre maculosa”.

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Como a febre maculosa chega até o sistema nervoso?

“Quando a bactéria da família das Ricketsias infecta o nosso organismo, ela "pega carona" na corrente sanguínea, indo parar em vários órgãos”, explica o neurocirurgião.

Por exemplo, ao chegar na pele, a infecção se manifesta através do rash cutâneo, ou seja, as manchas vermelhas, encontradas num primeiro momento nos punhos e tornozelos. Quando a bactéria se dissemina para a musculatura, ela provoca as dores musculares. No coração, ela pode desencadear quadros de miocardite.

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Agora, se o agente infeccioso da doença do carrapato chega até a região do cérebro, ele tem o poder de provocar inúmeros problemas de saúde, inclusive um tipo de inflamação cerebral conhecido como encefalite.

Impacto da encefalite na doença do carrapato

Focando no impacto da febre maculosa no sistema nervoso, é preciso reforçar que a bactéria pode chegar, sim, até os vasos sanguíneos do cérebro. Apesar disso, “muitas vezes, a bactéria não consegue atravessar do vaso para o cérebro devido a uma barreira fisiológica protetora, a barreira hematoencefálica”, afirma o médico.

Basicamente, “esta barreira previne que a infecção se alastre para dentro do cérebro, evitando a formação de abscessos cerebrais ou empiemas”, acrescenta o especialista. Só que este não é o fim do impacto da doença na região.

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Mesmo sem entrar, as bactérias conseguem se fixar na parede dos vasos do cérebro e, literalmente, inundam o cérebro como proteínas inflamatórias, as citocinas. Como são menores, essas partículas conseguem atravessar a barreira hematoencefálica, causando a inflamação do Sistema Nervoso Central, conhecida como encefalite.

Se o paciente não é tratado precocemente e o quadro evolui para essa situação grave, o indivíduo pode apresentar as seguintes complicações:

  • Confusão mental;
  • Desequilíbrios;
  • Crises convulsivas;
  • Perda da força em um lado do corpo (hemiparesia);
  • Alterações de fala.
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“Quando não tratada, a encefalite pode evoluir para estados de coma ou até mesmo o óbito”, pontua o médico, destacando a importância do diagnóstico precoce, especialmente em áreas com surtos da doença.

AVC na febre maculosa

Provocado pela presença da bactéria da família das Ricketsias, outro quadro neurológico que pode ocorrer é a obstrução dos vasos sanguíneos do cérebro. Nesses casos, o paciente pode sofrer um Acidente Vascular Cerebral Isquêmico, também chamado de infarto. Também há risco de hemorragias cerebrais. Ambas complicações podem ser fatais.

Febre maculosa tem tratamento

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Como a febre maculosa é uma doença tratável com antibióticos comuns, o mais importante é o diagnóstico e o início imediato do tratamento, antes mesmo da confirmação laboratorial do quadro, o que evita as complicações neurológicas. Hoje, ainda não existe uma vacina comercialmente disponível.

Em contextos de surtos, como o que ocorre na cidade de Campinas, no interior do estado de São Paulo, é importante que o paciente relate o histórico de visita a áreas endêmicas nas últimas semanas. Caso se lembre, é importante mencionar sobre picadas de carrapatos, recomenda o médico. Isso é bastante importante já que o período de incubação varia entre sete a 14 dias, onde a pessoa permanece assintomática e “saudável”.