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Febre maculosa: não existe vacina, mas cientistas descobrem mecanismo promissor

Por| Editado por Luciana Zaramela | 14 de Junho de 2023 às 19h26

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Twenty20photos/Envato Elements
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A vacina contra a febre maculosa está mais próxima de se tornar realidade, segundo cientistas da Universidade de São Paulo (USP). É a aposta do grupo após relatar a descoberta de um mecanismo capaz de levar o carrapato-estrela ao óbito, controlando o principal vetor da doença.

Os detalhes do novo estudo sobre o carrapato-estrela foram publicados na revista científica Parasites & Vectors. Embora haja pressa na busca pela vacina contra a febre maculosa, ainda mais com o surto em andamento na cidade de Campinas, no interior de São Paulo, o caminho para o desenvolvimento ainda é longo.

Sem ligação com o estudo brasileiro, pesquisadores da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, trabalham em uma fórmula que adota a tecnologia de mRNA (RNA mensageiro) — a mesma estratégia usada pelas vacinas contra a covid-19. Por enquanto, a pesquisa está em fase pré-clínica, ou seja, é testada em modelos animais.

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Potencial vacina da febre maculosa e mecanismo de defesa dos carrapatos

Anteriormente, os pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP já sabiam que uma das principais bactérias responsáveis pela febre maculosa, a Rickettsia rickettsii, inibe o processo de apoptose celular ao infectar o carrapato-estrela.

Para entender o que isso significa, é preciso explicar que a apoptose é uma condição que provoca a morte programada das células do aracnídeo — sim, carrapatos são aracnídeos. Como a bactéria inibe esse mecanismo, ela garante que o carrapato permaneça vivo e transmita o agente infeccioso para outras células, garantindo a sua proliferação.

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No estudo mais recente, os pesquisadores buscaram formas de silenciar a expressão gênica da principal proteína inibidora da apoptose, a IAP, a partir de técnicas de edição genética com o uso do RNA. Em seguida, analisaram como isso impactaria a vida do carrapato-estrela ao serem alimentados com sangue de coelhos infectados e não infectados pela bactéria R. rickettsii.

Carrapatos, alta letalidade e potencial vacina

“Observamos que, independentemente da infecção, os carrapatos morriam ao se alimentar, destacando a importância da IAP para sua sobrevivência”, comenta Andréa Cristina Fogaça, coordenadora do estudo, para a Agência Fapesp. “Essa informação sugere algo ainda mais interessante do que apenas bloquear a infecção: é possível conter e diminuir a densidade populacional do hospedeiro”, acrescenta.

Segundo os autores, o silenciamento do gene fez com que a taxa de mortalidade subisse para 92%. Independente da presença da bactéria, o fato é que a IAP silenciada impede a sobrevivência dos carrapatos. Além disso, o comportamento fatal parece ser a alimentação, algo primordial para a vida dos carrapatos.

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Segundo os autores, "esses achados indicam que a [proteína] IAP é um antígeno [foco] potencial para uma vacina contra carrapatos". No entanto, inúmeros estudos ainda são necessários para validar o mecanismo até o início dos testes mais direcionados para um imunizante.

Fonte: Parasites & Vectors e Agência Fapesp