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Febre amarela: vacinação de macacos reduz risco de extinção

Por| Editado por Luciana Zaramela | 13 de Fevereiro de 2023 às 12h47

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Edwin-Butter/Envato
Edwin-Butter/Envato

Entre os anos de 2017 e 2019, uma epidemia de febre amarela dizimou populações de primatas no Brasil. Buscando formas de evitar novos surtos e reduzir o risco de extinção de algumas espécies, como a do mico-leão-dourado, pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) investigaram os efeitos da vacinação em macacos. A conclusão é de que o uso de imunizantes é seguro e bastante benéfico para os animais.

Publicado na revista científica Viruses, o estudo reforça a importância da vacinação como estratégia de preservação de espécies ameaçadas de extinção e de proteção da biodiversidade brasileira. Além disso, o uso dos imunizantes deve impedir novos surtos da febre amarela como os registrados nos últimos anos.

Vale destacar que, além do IOC, participaram do estudo cientistas do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) e do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ), ligado ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

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Aumento no risco de extinção dos macacos brasileiros

O último surto brasileiro de febre amarela em espécies silvestres alcançou, entre 2017 e 2019, o litoral do Sudeste. Considerando apenas o estado do Rio de Janeiro, pelo menos 1,1 mil animais adoeceram em decorrência da doença transmitida por mosquitos. No total, mais de 3,5 mil óbitos foram registrados no período e, entre as espécies mais atingidas, estavam o mico-leão-dourado e o bugio.

“Houve uma perda muito significativa de primatas na natureza pela febre amarela. A biodiversidade terá um ganho enorme se conseguirmos vacinar os animais de vida-livre nos nossos trabalhos de campo e aqueles criados em cativeiro", afirma Alcides Pissinatti, um dos autores do estudo, em comunicado. "Quando fazemos a defesa do animal e do ambiente, fazemos a defesa dos humanos também”, acrescenta.

Vacinação contra febre amarela é segura

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No mais recente estudo do grupo de pesquisadores, foi possível observar que os macacos vacinados contra a febre amarela não transmitem o arbovírus do gênero Flavivírus, quando são picados por algum mosquito. A descoberta é importante, já que o imunizante carrega em sua formulação o vírus “vivo” atenuado e esta era uma das dúvidas que impedia a imunização em larga escala dos animais.

“Analisamos quase 700 mosquitos, de diferentes espécies silvestres e ainda incluímos o Aedes aegypti. Nenhum se infectou após picar os macacos vacinados. Esses dados sugerem que a chance de haver transmissão descontrolada do vírus da vacina da febre amarela na natureza é muito baixa ou nula”, afirma Ricardo Lourenço de Oliveira, outro autor da pesquisa.

Além disso, a pesquisa confirmou que a vacina induz a produção de anticorpos nos animais e não provoca efeitos adversos graves nos indivíduos imunizados. Agora, as "campanhas" de imunização contra este vírus podem se expandir tanto nas florestas quanto em cativeiros.

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Imunização de humanos também apresenta alto nível de segurança

Enquanto os estudos sobre a vacinação contra febre amarela avançam na população de macacos, sabe-se que o imunizante é amplamente seguro e eficaz para humanos. Apesar disso, o Brasil não alcança a cobertura vacinal pré-estipulada de 100% há anos. Por exemplo, em 2022, o Ministério da Saúde imunizou apenas 56,9% do público alvo contra a doença.

Fonte: Viruses e Agência Fiocruz