Fazer maquiagem e skincare em crianças pode parecer uma brincadeira, mas não é
Por Nathan Vieira |

Nos últimos anos, tornou-se comum ver bebês e crianças pequenas em vídeos ou fotos usando maquiagem, esmalte e até perfumes. Embora essas práticas possam parecer inofensivas, mas os especialistas alertam que esses produtos podem causar sérios riscos à saúde infantil, já que a pele das crianças é diferente da dos adultos. É até 30% mais fina e mais permeável, o que facilita a absorção de substâncias químicas presentes em cosméticos.
- Usar maquiagem durante exercícios físicos prejudica a pele
- “Mapa da pele”: descoberta pode ser a chave para acabar com as cicatrizes
Outra preocupação é que o sistema imunológico e hormonal dos pequenos ainda está em desenvolvimento, tornando-os mais vulneráveis a reações adversas.
Perfumes, esmaltes, hidratantes e maquiagens adultos contêm ingredientes que podem ser irritantes, alergênicos ou até tóxicos. Entre os compostos mais preocupantes estão o formaldeído, tolueno e os ftalatos. todos associados a distúrbios hormonais, problemas respiratórios e riscos a longo prazo, como alterações no crescimento e fertilidade.
O esmalte, por exemplo, costuma conter tolueno, um solvente neurotóxico. Já o dibutilftalato (DBP), também presente em muitos esmaltes e fragrâncias, é conhecido por interferir no sistema endócrino, especialmente perigoso para crianças em fase de crescimento.
Mesmo produtos rotulados como “naturais” ou “dermatologicamente testados” podem conter alérgenos comuns como a própolis, responsável por causar dermatites em até 16% das crianças sensíveis. Estudos mostram que produtos “naturais” podem conter, em média, mais de quatro substâncias potencialmente alergênicas.
Outra tendência preocupante é o uso de tatuagens temporárias com henna preta. Esse tipo de henna frequentemente contém parafenilenodiamina (PPD), que pode desencadear reações alérgicas graves, como dermatite, manchas permanentes ou, em casos extremos, reações anafiláticas fatais.
Além dos efeitos imediatos como coceira, vermelhidão e descamação, o contato precoce com certos cosméticos pode ter consequências acumulativas. A chamada “exposição em coquetel” (o uso frequente de diferentes produtos com múltiplos ingredientes químicos) pode sobrecarregar o organismo infantil.
O ponto de alerta é que corpo e a pele das crianças ainda estão em formação e, por isso, são mais suscetíveis aos danos causados por produtos cosméticos. A recomendação de dermatologistas e pediatras é clara: evite o uso de maquiagens, perfumes, esmaltes e cremes não específicos para a faixa etária.
A recomendação é manter uma rotina simples, com produtos específicos para bebês, sem fragrâncias e com fórmula hipoalergênica. Proteger a saúde dos pequenos agora é investir em um desenvolvimento mais seguro e saudável no futuro.
Leia também:
- Bebê com doença rara é tratado por meio de edição genética CRISPR; entenda
- Morte súbita infantil: receptores de serotonina podem ser a causa
VÍDEO | Dicas de uso de celular para crianças
Fonte: The Conversation