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Famosa "múmia que grita" teria mesmo morrido gritando?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 10 de Agosto de 2021 às 12h20

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Sahar Saleem/Zahi Hawass
Sahar Saleem/Zahi Hawass

Em 1881, foi descoberta a "screaming mummy", ou "múmia que grita", no bom português. Os arqueólogos, então, acreditavam se tratar de uma princesa de 60 anos de idade que viveu há três mil anos e que teria morrido gritando, intrigando cientistas do mundo inteiro sobre o que teria acontecido com ela.

Mas no ano passado, um novo estudo conduzido por Zahi Hawass, egiptólogo e professor de geologia da Universidade do Cairo, mostra que ela pode não ter morrido gritando, como muitos imaginavam. A causa da morte, inclusive, foi diagnosticada como um "ataque cardíaco súbito e fatal", provocado pela doença arterial coronariana.

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De acordo com Hawass, a princesa teria morrido na mesma postura em que foi mumificada, com as pernas cruzadas. O cientista alega ainda que quando a sua cabeça foi inclinada para o lado, o seu queixo caiu e assim aconteceu o rigor mortis, ou seja, a rigidez dos músculos na hora da morte. Na sequência, o seu corpo logo foi mumificado pelos embalsamadores, processo que costuma acontecer antes mesmo da decomposição. 

O pesquisador também tem a teoria de que a boca da mulher estava tão fixada no suposto grito na hora do rigor mortis que os embalsamadores não conseguiram ter força suficiente para colocar a mandíbula no lugar. Mas Andrew Wade, antropólogo que não está relacionado ao estudo, contesta a hipótese, dizendo que a mandíbula está assim por ser "simplesmente a gravidade trabalhando contra os músculos e ligamentos que não são mais funcionais", o que não é incomum.

"Se as bandagens estivessem bem apertadas na região da mandíbula, isso teria mantido a boca fechada. É possível que esse processo de secagem do corpo tenha reduzido a espessura dos tecidos moles nessa área, permitindo alguma folga", completa o cientista, afirmando que a múmia só está "gritando" por uma falha na hora de apertar a mandíbula, que caiu pela gravidade.

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Também é contestável o momento da mumificação da princesa, uma vez que na realeza o processo levava mais de 70 dias, envolvendo a remoção dos órgãos, inclusive o cérebro, e a secagem no rio Nilo. Só depois os corpos eram mumificados para serem colocados nas tumbas. A mumificação consiste em cobrir o cadáver com óleos, resinas e bandagens de linho.

Wade, então, diz que haveria tempo suficiente neste processo para que o corpo fosse relaxado depois do rigor mortis e que a bandagem fechasse a boca da múmia. Além disso, ele diz que não há mais como controlar os músculos após a morte, por motivos óbvios. Em meio a tantas contestações, a dúvida sobre se a múmia realmente morreu gritando durante o seu ataque cardíaco continua pairando, ainda que Hawass continue firme nessa teoria e Wade diga que foi apenas a gravidade agindo, seguida de uma falha na tentativa de fechar a mandíbula.

Fonte: SyFy Wire