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Falsos médicos: como buscar pelo CRM e não cair em ciladas

Por| Editado por Luciana Zaramela | 05 de Junho de 2023 às 16h29

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Daniel danoutsideclick/Pixabay
Daniel danoutsideclick/Pixabay

Casos de falsos médicos costumam viralizar quando descobertos no Brasil. Só que antes da fraude ser identificada, estes indivíduos podem colocar a vida de centenas e até milhares de pessoas em risco. Por isso, vale a pena consultar o número de inscrição no Conselho Regional de Medicina (CRM), vinculado ao Conselho Federal de Medicina (CFM), antes da consulta. A medida preventiva de busca do CRM evita ciladas.

A busca pelo CRM médico vale para o profissional que foi descoberto pelas redes sociais, através do algoritmo, de posts patrocinados ou do compartilhamento de conhecidos. Afinal, seguidores e taxa de engajamento não devem ser parâmetro para confiança. Os falsos médicos podem se aproveitar disso, como ocorreu com uma mulher que se passou por médica em São Paulo e que acumulava 86 mil seguidores no Instagram.

Embora o caso tenha repercutido bastante, os falsos médicos são um problema para a saúde brasileira. Em 2021, apenas no Rio Grande do Sul, mais de 50 denúncias sobre o exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica foram feitas.

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Entenda o que é CRM médico

Para dirigir um carro no Brasil, é preciso ter o registro da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Sem o número e a respectiva identificação, ninguém pode dirigir legalmente no país. Para cada tipo de veículo a ser operado, também existem algumas distinções, como a categoria B que dá direito à direção de carros.

O equivalente do documento de habilitação para os médicos é o CRM, incluindo suas especialidades, como dermatologia. Qualquer pessoa que “exerce” a medicina, mas não tem este registro, é um falso médico e deve responder legalmente pelos seus atos.

Dá para fazer busca de médico sem saber o CRM

Há uma infinidade de médicos que podem ser escolhidos na hora de uma consulta ou de um tratamento. Segundo o CFM, são exatos 626.917 CRMs ativos no Brasil hoje. Desse total, 175 mil estão concentrados no estado de São Paulo, enquanto apenas 1,2 mil médicos atuam no Amapá. Apesar da discrepância, dá para buscar virtualmente o CRM de todos os médicos inscritos, apenas pelo nome e um sobrenome.

Aprenda como consultar o CRM

Mesmo que cada estado tenha o seu próprio conselho regional, o CFM unifica todos os dados em uma plataforma nacional, conhecida como “Busca por médicos”. No site, é possível checar se determinada pessoa é oficialmente um profissional da saúde habilitado para exercer sua função.

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Para isso, o usuário precisa preencher pelo menos um dos campos do formulário "Encontre um médico". Por exemplo, é possível colocar o nome e um sobrenome, sem precisar do nome completo do médico (incluindo terceiros sobrenomes). Outra opção é consultar diretamente o CRM, que deve estar carimbado em toda receita médica, inclusive na receita digital.

Após preencher o formulário com as informações disponíveis, basta clicar em “Enviar” e conferir os resultados. Estarão disponíveis os seguintes dados do profissional buscado:

  • O número do registro no conselho regional;
  • O estado em que o médico atua;
  • O ano em que o registro foi feito;
  • Uma imagem de rosto do profissional, quando disponível;
  • Se o registro está ativo ou inativo;
  • A especialidade, caso o profissional tenha optado por exibi-la;
  • Endereço e telefone de contato, caso a exibição tenha sido permitida pelo médico.
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Quando a pesquisa mostra um falso médico?

Se o usuário digitar o nome de um falso médico, como o Canaltech testou com o fictício personagem Jefferson Santiago Costa da Silva Neto, o buscador informará que nenhum resultado foi encontrado. Esta regra evita a maioria dos golpes envolvendo o exercício ilegal da profissão.

Agora, é possível que o teste de identificação não funcione em caso de pessoas homônimas. Dessa forma, vale pegar o CRM exibido na pesquisa e jogá-lo no Google, por exemplo. A pesquisa tende a apontar o endereço da clínica ou do hospital em que o médico verdadeiro atende. Caso a dúvida persista, cabe entrar em contato através dos canais disponíveis no site do CFM.

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Como consultar registro de outros profissionais de saúde

O interessante é que mecanismos de checagem semelhantes funcionam para outros profissionais da área da saúde e qualquer um pode realizar uma busca do tipo. No caso de dentistas, a conferência pode ser feita pelo buscador do Conselho Federal de Odontologia (CFO), que indica o número de registro no Conselho Regional de Odontologia (CRO).

Agora, no caso dos nutricionistas, é preciso recorrer ao sistema do Conselho Nacional de Nutricionistas (CRN), onde é possível checar a inscrição no Conselho Regional de Nutricionistas (CRN).

Hospitais devem pesquisar médicos antes da contratação

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Até aqui, a ideia foi mostrar como é possível encontrar o profissional qualificado (ou um falso médico) na internet por pessoas físicas. A questão é que hospitais e redes de clínicas devem fazer a própria checagem interna, antes de uma nova contratação. No mercado da saúde, a pesquisa é conhecida como background check, e existem empresas voltadas para esse tipo de atividade.

“Vemos muitas vezes casos de supostos profissionais de saúde, que falsificam documentos para trabalhar na área. O background check consegue verificar se esse profissional é quem realmente ele diz ser, se suas credenciais e documentos batem com os apresentados e se possuem antecedentes [criminais], minimizando os riscos de falsidade ideológica, abusos, crimes de corrupção, entre outros”, exxplica Francisco Fernandes, head de background check do Grupo Iaudit.

Como denunciar falso médico?

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Se a pessoa teve a infelicidade de se deparar com um falso médico, é possível denunciar esse indivíduo. Para isso, é preciso entrar no Conselho Regional de Medicina do seu estado e solicitar mais informações sobre como proceder com a denúncia. Não há uma única central nacional para esse tipo de atendimento.

Apesar disso, existem alguns padrões na forma de registrar a denúncia de um falso médico. Por exemplo, o denunciante precisa se identificar, já que denúncias anônimas não são consideradas. Em alguns lugares, são aceitas apenas denúncias enviadas por carta ou registradas em uma delegacia do CRM.

Embora as denúncias sejam colhidas, a maioria dos relatos de falsos médicos não envolve um médico com CRM. Por isso, o material tende a ser encaminhado para o Ministério Público Estadual, que tem poder para tomar as providências legais cabíveis.