Excesso de telas faz problemas de vista dispararem em crianças na pandemia
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Nas próximas semanas, as escolas voltam a funcionar, marcando o início de um novo ano letivo no Brasil. Ainda nos primeiros dias de aula, pais, professores e responsáveis devem estar especialmente atentos às possíveis queixas apresentadas pelas crianças e adolescentes, como dificuldades de enxergar nitidamente.
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Aqui, cabe destacar que a pandemia da covid-19 e o excesso de telas, associado com o período de isolamento, provocaram um aumento de problemas oftalmológicos, como a miopia, em crianças. Inclusive, diferentes estudos nacionais e internacionais já confirmam esta relação.
Analisando dados do primeiro ano da pandemia, cientistas da China observaram que a prevalência de miopia aumentou de 1,4 a 3 vezes em comparação com os 5 anos anteriores nas crianças de 6 a 13 anos. Na cidade de São Paulo, um levantamento da prefeitura identificou um aumento de 134% nos diagnósticos de miopia nos pequenos em 2022 em relação aos últimos dois anos.
Quais problemas de visão estão mais comuns em crianças no pós-pandemia?
Segundo especialistas, embora a epidemia da miopia seja predominante, é possível considerar que três tipos de problemas de visão estão mais comuns em crianças nos últimos anos. São eles:
- A miopia, como já mencionado, nestes casos, o paciente apresenta dificuldade de enxergar para longe;
- A hipermetropia, ou seja, a dificuldade de enxergar de perto;
- O astigmatismo, marcada pela junção da miopia com a hipermetropia.
Por que essas complicações se intensificaram?
“Hoje, estudos mostram que, além do fator genético, há fatores comportamentais no aparecimento e desenvolvimento da miopia. Entre as causas, estão a exposição exagerada a telas e falta de atividades ao ar livre”, explica Emerson Castro, oftalmologista do Hospital Sírio-Libanês.
De forma geral, essas situações foram comuns aos pequenos nos momentos mais agudos da covid-19, onde as escolas deixaram de atuar de forma presencial. “Com a pandemia, tivemos, além das aulas online, muitas atividades dentro de casa, que não estimulam o olhar para longe”, complementa Castro.
Embora a pandemia tenha acentuado a onipresença das telas, antes da descoberta do vírus da covid-19, já era uma tendência a maior exposição dos pequenos. Para o momento de pós-pandemia, o desafio é incentivar atividades externas e o "desapego" aos celulares e outros aparelhos eletrônicos.
Sinais e sintomas de problemas de visão em crianças, como miopia
Nenhum desses problemas de visão causam dor ou têm outras manifestações semelhantes a de uma gripo, por exemplo. Dessa forma, entender que o pequeno precisa de ajuda depende da observação das pessoas próximas. Entre os principais sinais estão:
- Dificuldade de leitura, quando já está alfabetizado;
- Aproximar ou afastar objetos do rosto para ler;
- Queda no desempenho escolar;
- Olho coçando;
- Relato de dificuldades para enxergar;
- Desvios de direção nos olhos.
Em caso de suspeita ou de dúvidas sobre problemas na visão, os responsáveis devem procurar um oftalmologista. Com ajuda do especialista, é possível realizar diferentes tipos de teses, incluindo o exame de refração — aquele que define o grau do óculos a ser usado.
Limitar o acesso a telas na infância
Para Castro, é interessante limitar o acesso a telas pelas crianças. Quando não for possível, como no caso de aulas virtuais, alguns exercícios podem ser indicados. Por exemplo, a cada trinta minutos em frente ao computador, vale fazer uma pausa de trinta segundos, focando o olhar em um ponto mais longe, através de uma janela.
Para proteger a visão das crianças, a Sociedade Americana de Pediatria recomenda que:
- Bebês e crianças de até 2 anos não sejam expostos a telas, principalmente próximas ao rosto;
- Crianças de até 5 anos podem ter de uma a duas horas de tela por dia, incluindo a televisão;
- Crianças com mais de 6 anos e adolescentes podem ter até três horas de telas por dia.
Aqui, é importante destacar que esses problemas de visão não devem ser ignorados pelos responsáveis, já que comprometem o aprendizado em sala de aula e a autoestima das crianças. Além disso, sabe-se que pessoas com casos mais severos de miopia, por exemplo, têm risco elevado para outros problemas que envolvem os olhos, como descolamento de retina, glaucoma e catarata.