Excesso de tela pode gerar ansiedade e depressão em crianças
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela | •
Excesso de tela pode gerar ansiedade e depressão em crianças. Pelo menos, essa é a afirmação de um artigo publicado na revista científica BMC Psychology no último dia 10. Segundo o estudo, durante a pandemia de covid-19, o público infantil tiveram uma exposição às telas por mais que o dobro da quantidade diária recomendada.
- Excesso de telas faz problemas de vista dispararem em crianças na pandemia
- Estudos: não há relação entre uso de telas e déficit de atenção em crianças
Ao todo, o estudo reuniu dados de mais de 200 pais que detalharam o uso do tempo de tela de seus filhos de novembro de 2020 a novembro de 2021. Os dados são alarmantes: algumas crianças analisadas passavam cerca de 13 horas por dia em frente às telas, o que representa quase todos os minutos em que estavam acordadas.
Mesmo com todas as mudanças nesse período, as restrições de saúde pública levantadas e as escolas retornando às aulas presenciais, o tempo de uso da tela permaneceu alto, em média, mais de quatro horas por dia.
O estudo também descobriu que o maior uso de tempo de tela estava associado à ansiedade e à depressão em crianças. Em comunicado, a própria equipe reconhece que foi surpreendente ver uma associação tão forte.
“O que também descobrimos consistentemente em todos os nossos estudos foi que o estresse dos pais foi um preditor chave do tempo de tela. Ainda não entendemos essa associação", afirmam os autores do estudo.
A ideia agora é identificar os efeitos de longo prazo da pandemia nas crianças. Para isso, mais estudos são necessários. Em paralelo, a equipe t ambém revisa outros estudos publicados sobre o uso do tempo de tela por crianças.
"Descobrimos que este é um problema de saúde global em crianças", completam os autores. A equipe sugere que as famílias comecem a monitorar e acompanhar quanto tempo as crianças passam nas telas.
Excesso de tela afeta as crianças?
A exposição às telas não atrapalha apenas a vista ou o sono das crianças. De acordo com especialistas da psicologia, esse excesso pode afetar até mesmo o desenvolvimento.
Em entrevista anterior ao Canaltech, psicólogos afirmaram que o acesso a essas telas tem a sua parte positiva, considerando o contato social (como poder falar com os avós) e ter atividades lúdicas escolares, principalmente durante essa pandemia, mas que o excesso pode causar prejuízos sim.
Os riscos de tempo excessivo de tela às crianças vão desde o sedentarismo até a dificuldade com a escrita: a criança com pouca vivência do corpo no espaço físico ainda pode apresentar atrasos nessas aquisições próprias para cada faixa etária. A pouca interação com o outro também leva a criança a ficar presa a atividades solitárias.
Como limitar o tempo de tela das crianças?
Com muito diálogo, os pais ou responsáveis podem contornar a situação. Anteriormente, separamos algumas dicas para limitar o tempo de tela das crianças: monitorar o tempo é sempre um primeiro passo importante. Evitar as telas por 90 minutos antes de dormir também pode ser eficaz.
Apostar em mídia ativa, permitindo que a criança interaja com o dispositivo (painel sensível ao toque, jogos de aprendizagem apropriados para a idade ou chamadas de vídeo), também é um método para reduzir o excesso de tela e limitar o tempo.
Fonte: BMC Psychology, Medical Xpress