EUA aprovam remédio desenvolvido a partir de fezes humanas
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Nos Estados Unidos, a agência Food and Drug Administration aprovou, na quarta-feira (26), o primeiro remédio oral, desenvolvido a partir de fezes humanas. Conhecida como Vowst, a medicação tem uso bastante específico e é uma alternativa mais simples à terapia de transplante fecal. O uso só está liberado para quem tem mais de 18 anos.
- Reino Unido recomenda transplante fecal para tratar bactéria resistente
- Doação de cocô | Estudo busca voluntários para conhecer a microbiota brasileira
Desenvolvido pela empresa norte-americana Seres Therapeutics em parceria com a Nestlé Health Science, o remédio Vowst contém bactérias intestinais vivas, obtidas em amostras de fezes doadas por pessoas saudáveis. É esperado que a medicação consiga restaurar a flora intestinal dos pacientes.
Entenda onde usar o remédio feito a partir de fezes
O uso da primeira pílula de microbiota fecal é prescrito para pacientes com infecções recorrentes da bactéria Clostridioides difficile, que já tentaram o tratamento convencional limitado ao uso de antibióticos. O problema é que as terapias convencionais, às vezes, não são eficazes ao ponto de eliminarem por completo a doença, permitindo que ela ressurja.
Entre os sintomas da infecção recorrente, o paciente pode apresentar dor abdominal, diarreia e febre. Em casos mais graves, a infecção bacteriana pode desencadear a falência de órgãos e o óbito. Nos EUA, são estimados 156 mil casos da doença por ano, incluindo de 15 a 30 mil mortes.
"A aprovação de hoje oferece aos pacientes e profissionais de saúde uma nova maneira de ajudar a prevenir infecções recorrentes por C. difficile", afirma Peter Marks, porta-voz da FDA, em nota. Com a recuperação da flora intestinal, após o uso da medicação por três dias, o risco de reincidência é menor.
Eficácia da pílula que restaura a flora intestinal
No estudo clínico apresentado para obter a aprovação da FDA, o uso do remédio reduziu de forma significativa a recorrência da doença. Dos 89 pacientes medicados, apenas 12,4% relataram novos casos da condição. No grupo placebo, composto por 93 participantes, a mesma taxa foi de 39,8%.
Embora seja bastante promissor, o remédio tem algumas limitações. Por exemplo, os doadores de fezes são testados para inúmeros patógenos transmissíveis, mas ainda sim existe o potencial risco do paciente contrair alguma doença através da pílula. O comprimido também pode conter alérgenos alimentares desconhecidos.
Fonte: FDA e Seres Therapeutics