Estudo defende que covid sem nenhum sintoma é algo muito raro; entenda o porquê
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 18 de Fevereiro de 2022 às 13h58
Pesquisadores norte-americanos apontam que é improvável que pessoas não-vacinadas contra covid-19 não apresentem nenhum sintoma da doença. Para a equipe, a questão pode ser que a maioria dos assintomáticos não consiga relacionar o que sente com a infecção pelo coronavírus SARS-CoV-2, mas os indicativos da doença estariam presentes.
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Publicado na revista científica Open Forum Infectious Diseases, o pequeno estudo sobre a presença de sintomas da covid-19 foi desenvolvido por pesquisadores da Uniformed Services University (USU), nos Estados Unidos.
"Esses resultados sugerem que a infecção assintomática por SARS-CoV-2 em adultos não vacinados e imunocompetentes é menos comum do que o relatado anteriormente", afirmam os autores do estudo, no artigo.
Entenda o estudo
O estudo recrutou 263 voluntários e os acompanhou entre agosto de 2020 e fevereiro de 2021. Os participantes eram profissionais da saúde de um centro médico militar dos EUA e, na época, ainda não estavam imunizados contra a covid-19. A idade média deles era de 41 anos.
Durante o acompanhamento, os voluntários realizavam testes de anticorpos periodicamente — o que permitia identificar alguma infecção que foi não foi identificada pelos próprios participantes. Além disso, realizavam testes RT-PCR quando apresentavam qualquer sintoma.
No total, 12 participantes testaram positivo e todos apresentaram algum sintoma para a covid-19. O número de voluntários é bastante restrito e, por isso, a universalidade das descobertas é reduzida, mas indica alguns caminhos.
Covid assintomática não é tão comum?
“Alguns estudos sugerem que a infecção assintomática pode ocorrer em até 50% das vezes. No entanto, se isso fosse verdade, seria muito improvável que tivéssemos observado todos os 12 indivíduos infectados apresentando sintomas”, explica Edward Mitre, professor do Departamento de Microbiologia e Imunologia da USU e autor sênior do estudo, em comunicado.
"Se compararmos isso com o lançamento de uma moeda, a probabilidade de que alguém jogue coroa 12 vezes seguidas é de apenas 0,024%", ilustra o pesquisador. "Mesmo que a taxa real de infecção assintomática seja de 30%, a probabilidade de 12 de 12 indivíduos serem todos sintomáticos ainda é de apenas 1,4%", completa Mitre.
Atenção aos sintomas e sinais
A equipe também defende que os resultados demonstram que indivíduos podem não saber como diferenciar, de forma confiável, a infecção do coronavírus SARS-CoV-2 de outras doenças do trato respiratório com base exclusiva nos sintomas.
Durante o acompanhamento, os participantes que testaram positivo relataram pelo menos um dos seguintes sintomas:
- Corrimento nasal ("nariz escorrendo");
- Dor e/ou pressão na região dos seios nasais;
- Dor de garganta;
- Perda de olfato e/ou paladar.
Fonte: Open Forum Infectious Diseases e Uniformed Services University