Erradicar a COVID-19 é possível? Sim! Entenda como isso pode acontecer
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 19 de Agosto de 2021 às 18h15
Desde a descoberta do coronavírus SARS-CoV-2, algumas pessoas apostavam que era necessário aprender a conviver com este novo vírus e, principalmente, com as mortes que ele desencadeava. Isso porque, em tese, o vírus da COVID-19, dificilmente, seria controlado e não chegaria a ser erradicado. No entanto, um estudo da Nova Zelândia aponta que é possível erradicar a doença responsável por mais de 570 mil óbitos somente no Brasil. Mesmo que seja possível, não significa que seja um desafio simples.
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Publicado na revista científica British Medical Journal of Global Health, o estudo neozelandês analisou 17 fatores que influenciam o quão realista pode ser este objetivo para o mundo. Nesse panorama, são consideradas questões técnicas, como a disponibilidade de vacinas seguras e eficazes e a duração da proteção desencadeada pelos imunizantes.
Além disso, existem fatores sociais, políticos e econômicos que estão diretamente conectados com o controle da pandemia da COVID-19 e sua possível erradicação. Neste grupo de variantes, entram: a gestão governamental de cada localidade; as medidas adotadas pelas autoridades públicas; e a aceitação popular das medidas de prevenção da infecção.
Quão difícil é erradicar a COVID-19?
Quando se pensa na erradicação da COVID-19, os cientistas voltaram para o passado recente e avaliaram outras doenças que foram, relativamente, erradicadas do planeta, pelo menos onde há o controle epidemiológico. Estes são os casos da varíola e de duas das três versões do vírus que causa a poliomielite.
A partir desses conhecimentos, o grupo de pesquisadores comparou as variantes do controle do vírus da COVID-19 com o da varíola e da poliomielite. Nessa análise, descobriram que erradicar o coronavírus SARS-CoV-2 para sempre seria mais difícil do que erradicar a varíola, mas mais fácil do que se livrar da poliomielite.
Na escala de dificuldade de erradicação que vai até 3, a varíola obteve um valor médio de 2,7, enquanto a COVID-19 está em 1,6. Já a poliomielite está em 1,5. “Embora nossa análise seja um esforço preliminar com vários componentes subjetivos, ela parece colocar a erradicação da COVID-19 no espectro do possível, especialmente em termos de viabilidade técnica”, detalharam os autores no artigo.
Desafios para o fim do coronavírus no mundo
Embora seja possível, erradicar a COVID-19 do planeta é um objetivo que demanda obrigatoriamente vontade política, cooperação internacional — como acesso igualitário aos imunizantes —, investimentos financeiros em pesquisa de qualidade e uma compreensão social do porquê é importante proteger a si mesmo e as outras pessoas. Com isso, ainda seria possível salvar milhares de vidas.
“Os desafios técnicos da erradicação da COVID-19 (em relação à varíola e poliomielite) incluem a baixa aceitação da vacina e o surgimento de mais variantes que podem ser mais transmissíveis ou ter maior evasão imunológica, potencialmente permitindo o escape da vacina para que possam ultrapassar os programas globais de vacinação”, destacaram os autores sobre as dificuldades da erradicação. “Outros desafios seriam os altos custos iniciais (para vacinação e atualização dos sistemas de saúde) e a obtenção da cooperação internacional necessária em face do 'nacionalismo da vacina'", destacaram.
Agora, os pesquisadores esperam que mais estudos do tipo sejam realizados para medir a viabilidade da erradicação do coronavírus, incluindo levantamentos feitos por membros da Organização Mundial da Saúde ou de uma coalizão de países interessados nesse fim.
Para acessar o estudo completo sobre a erradicação da COVID-19 no planeta, clique aqui.
Fonte: IFL Science