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Encontrado remédio contra "ameba comedora de cérebros"

Por| Editado por Luciana Zaramela | 07 de Fevereiro de 2023 às 17h11

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Image-Source/Envato Elements
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Conhecida por literalmente comer cérebros, a ameba Balamuthia mandrillaris é um patógeno extremamente raro e mortal — cerca de 90% dos indivíduos infectados pelo ser unicelular morrem. Até então, pouco se sabia sobre como controlar este tipo de infecção cerebral, mas, aparentemente, um remédio comum no tratamento de infecções do trato urinário pode fazer isso, a nitroxolina.

O uso bem-sucedido do medicamento contra a ameba comedora de cérebros é descrito em um relato de caso, publicado na revista científica Emerging Infectious Diseases. O tratamento pioneiro foi liderado por médicos e cientistas do Centro Médico da Universidade da Califórnia em San Francisco (UCSF), nos Estados Unidos.

Como apenas um paciente foi curado nos EUA com a medicação, o protocolo ainda deve ser melhor estudado, mas a solução parece ser promissora. Eventualmente, o antibiótico — usado na Europa há mais de 50 anos — pode ser uma alternativa contra outras amebas do tipo.

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Como foi descoberto o remédio contra a ameba comedora de cérebros?

Segundo os médicos, a descoberta do possível tratamento contra a ameba B. mandrillaris, começou com o atendimento de um paciente, de 54 anos, internado após uma convulsão sem causa definida. Na ressonância magnética, a equipe encontrou uma "massa" estranha no cérebro do paciente. Em seguida, parte do material foi coletada e enviada para análise, onde se identificou a infecção rara.

Após a descoberta da ameba comedora de cérebro, o paciente com encefalite amebiana granulomatosa foi transferido, em caráter de urgência, para o UCSF. Inicialmente, o indivíduo recebeu o que é considerado o tratamento padrão. Isso incluiu um coquetel com medicamentos antiparasitários, antibióticos e antifúngicos.

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Aqui, é importante abrir um parêntese. Embora o tratamento seja considerado "padrão", ele foi baseado em cerca de 200 casos diagnosticados deste tipo de ameba no mundo. Na maioria das vezes, o desfecho foi o óbito do paciente, ou seja, não parecia ser muito promissor.

Com o tratamento, o paciente não apresentou nenhum sinal de melhora do quadro. Por outro lado, começou a enfrentar efeitos adversos decorrentes do excesso de medicamentos, incluindo a insuficiência renal. A equipe optou por suspender a terapia.

Remédio para infecções urinárias é testado

Em busca de novas alternativas, a infectologista Natasha Spottiswoode passou a revisar outros artigos sobre o tema e identificou o uso do remédio para infecções urinárias, comum no continente europeu. Naquele estudo, os cientistas descreviam os efeitos da nitroxolina contra a ameba comedora de cérebros in vitro (em laboratório).

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Embora a evidência científica fosse de baixa qualidade — a preferência sempre é por estudos que envolvam humanos —, a emergência da situação justificou o uso do antibiótico. Só que, antes de iniciar o novo tratamento, ainda foi preciso solicitar uma autorização emergencial para a agência federal Food and Drug Administration (FDA).

Superando todas as expectativas, a medicação provocou rápida melhora no quadro do paciente. Dentro de uma semana, as lesões no cérebro começaram a diminuir e, logo, o paciente recebeu alta hospitalar. Agora, estudos clínicos devem analisar o uso off label — fora da bula — da medicação e, caso os dados apontem a eficácia e segurança do tratamento, este pode se tornar um protocolo padrão no tratamento da doença rara.

Fonte: Emerging Infectious DiseasesScience