Doença de Chagas pode ser transmitida por via oral, aponta Ministério da Saúde
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Neste dia mundial do combate à doença de Chagas — 14 de abril —, o Ministério da Saúde alerta que o protozoário Trypanosoma cruzi também pode ser transmitido por via oral. Inclusive, casos da doença relacionados com esta forma de transmissão estão em movimento de alta no Brasil.
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Normalmente, a doença de Chagas é transmitida a humanos pelo contato com as fezes de insetos triatomíneos infectados — popularmente, conhecidos como barbeiro —, após a picada. Só que o perfil epidemiológico desta doença crônica está em transformação no Brasil.
Transmissão oral da doença de Chagas
Nas últimas décadas, houve uma mudança epidemiológica significativa da doença de Chagas, o que provocou uma redução de 70% na incidência de casos agudos, segundo o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros.
“Atualmente, casos agudos estão mais relacionados à ingestão de alimentos contaminados com as fezes do barbeiro, principalmente na Amazônia”, detalha Medeiros. Por transmissão feita por via oral, pode-se entender que as pessoas são contaminadas após ingerirem alimentos com os insetos ou fezes trituradas. Casos do tipo podem estar associados ao consumo de açaí, cana-de-açúcar e sucos de frutas.
Outras formas de transmissão
Apesar do crescimento da transmissão por via oral da doença de Chagas, a forma mais conhecida é a que ocorre enquanto o barbeiro se alimenta, ou seja, através das fezes que o inseto elimina, após picar. Neste momento, os protozoários podem entrar no organismo humano, quando existem feridas ou machucados abertos na pele.
A transmissão do protozoário também pode ocorrer em casos de transfusão de sangue ou durante a gravidez — quando a mãe contaminada transmite para o filho. Na relação materno-infantil, a transmissão pode ocorrer tanto na gestação quanto por aleitamento materno.
Desafios para tratamento da doença do barbeiro
Hoje, a Saúde calcula que 1,9 a 4,6 milhões de pessoas convivem com a doença de Chagas, o que representa 1% a 2,4% da população. Além disso, “mais de 65 milhões de pessoas estão sob risco da doença”, explica o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
Apesar da alta proporção de pessoas infectadas pelo protozoário, a doença crônica é pouco tratada no Brasil. "Menos de 1% dos casos são tratados. A atenção primária precisa ser revista, pois temos muitas dificuldades em algumas localidades do país pelo subfinanciamento histórico do SUS”, lembra o coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Presidência da Fiocruz, Rivaldo Venâncio da Cunha.
Diante dos atuais desafios, a saúde lança a campanha Chagas Hoje: Quantos Somos e Onde Estamos?, com o objetivo de ampliar o tratamento de pacientes que sofrem com esta doença crônica.
Fonte: Agência Fiocruz, CNN e Agência Brasil