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Dietas anti-inflamatórias bombam muito no TikTok — mas será que funcionam mesmo?

Por  • Editado por Melissa Cruz Cossetti | 

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Reprodução/TikTok
Reprodução/TikTok

Nos últimos meses, vídeos sobre dietas anti-inflamatórias viralizaram no TikTok. As promessas parecem tentadoras: cortar laticínios, abandonar o glúten, nunca mais encostar em açúcar. Segundo os criadores de conteúdo, seguir essas regras ajudaria a emagrecer, acabar com o inchaço e transformar a saúde. Mas há um detalhe importante: grande parte dessas dicas vem de pessoas sem formação em nutrição ou medicina, que se baseiam em pesquisas isoladas ou “achismos”.

Em artigo publicado no The Conversation, Lauren Ball, professora da University of Queensland, e Emily Burch, nutricionista e professora da Southern Cross University, revelam que a ciência por trás da alimentação anti-inflamatória é bem mais complexa e menos restritiva do que os vídeos fazem parecer.

O que é inflamação?

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Primeiro, vale entender que a inflamação é um processo natural do corpo. Ela ajuda na recuperação de lesões, no combate a infecções e na defesa contra doenças. Esse processo pode ser agudo (curto e benéfico, como a vermelhidão de um corte cicatrizando) ou crônico (baixo nível e persistente, associado a doenças como diabetes tipo 2, câncer e problemas cardíacos).

O grande problema não está na inflamação passageira, mas sim naquela de longo prazo, silenciosa e prejudicial. E é justamente aí que a alimentação entra em cena.

O papel da alimentação

Segundo as especialistas, uma dieta rica em ultraprocessados, refrigerantes, carnes processadas, doces e pobre em frutas e vegetais está associada a maiores níveis de inflamação.

Por outro lado, padrões alimentares equilibrados são relacionados a níveis mais baixos de inflamação. Esse estilo de alimentação é baseado em frutas, verduras, legumes, grãos integrais, leguminosas, azeite de oliva, oleaginosas e consumo moderado de peixes, aves e laticínios. Açúcares adicionados e carnes processadas aparecem em quantidades mínimas.

Onde o TikTok acerta… e erra

Alguns pontos levantados nos vídeos fazem sentido. Por exemplo, há indícios de que probióticos (presentes em iogurte, kefir e alguns suplementos) ajudam a reduzir marcadores inflamatórios no sangue.

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Mas os equívocos são muitos. As famosas listas de “proibições”, como excluir glúten e laticínios, não têm respaldo científico para a população em geral. Só pessoas com condições específicas, como doença celíaca ou alergias, precisam de restrições tão drásticas.

Laticínios fermentados podem até ter efeito protetor contra inflamação, e os grãos integrais são fonte de fibras que beneficiam o intestino e reduzem riscos de doenças crônicas.

Para pessoas saudáveis, não é preciso cortar grupos inteiros de alimentos. O foco deve estar em variedade, equilíbrio e comida de verdade: muitas cores no prato, fibras, azeite, oleaginosas e pouco ultraprocessado. Então as dietas anti-inflamatórias realmente têm base científica, mas não da forma simplificada (e muitas vezes alarmista) que circula no TikTok.

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Fonte: The Conversation