Dia Nacional de Combate ao Fumo | Cigarro e vape ainda são grandes vilões
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |

Nesta quinta-feira (29), o Brasil celebra o Dia Nacional de Combate ao Fumo. É uma ocasião para promover a conscientização sobre os malefícios do tabagismo. Atualmente, podemos observar que o cigarro e o vape ainda são os grandes vilões no combate ao fumo.
No Brasil, a regulamentação de cigarros eletrônicos está sob responsabilidade da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Desde 2009, o vape está proibido.
Em abril, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal chegou a aprovar uma audiência pública para discutir a proibição (comercialização, produção e propaganda) por meio do PL 5.008/2023.
No entanto, esse projeto de lei que regulamenta a comercialização dos cigarros eletrônicos teve a sua votação adiada para o mês de setembro. Na próxima terça-feira (3) deve acontecer a votação.
Basicamente, esse PL "dispõe sobre a produção, importação, exportação, comercialização, controle, fiscalização e propaganda dos cigarros eletrônicos, e dá outras providências".
Vape é vilão no combate ao fumo
Embora muitos acreditem que o cigarro eletrônico possa ser uma versão mais saudável e tolerável do que o cigarro comum, estudos vêm mostrando que não é bem assim.
Há diversos malefícios para a saúde em jogo. Para se ter uma noção, o uso regular de vape equivale a fumar 20 cigarros por dia, de acordo com o InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP).
Especialistas ao redor do mundo também já mostraram que o vape aumenta em 1,79 a probabilidade de infarto e aumenta risco de insuficiência cardíaca em 19%.
“Os cigarros eletrônicos muitas vezes contêm mais nicotina do que os cigarros tradicionais e são frequentemente direcionados a jovens e grupos vulneráveis”, afirma Ciro Kirchenchtejn, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
O especialista menciona que o vape também traz riscos ambientais, uma vez que pode ser adquirido de forma irregular e contribui para a poluição com metais pesados.
A vilania do cigarro
Mas o vilão mais antigo dessa árdua batalha ainda é o cigarro comum. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano: 7 milhões de fumantes e 1,2 milhão de não-fumantes expostos ao fumo passivo.
Kirchenchtejn ressalta que a dependência psicológica deve ser levada em consideração quando a pessoa pretende parar de fumar.
“Programas de cessação devem incluir terapia cognitivo-comportamental para ajudar as pessoas a lidarem com os gatilhos emocionais e comportamentais que levam ao tabagismo”, afirma.
Do ponto de vista do pneumologista, buscar ajuda profissional pode ajudar a alcançar o sucesso na tentativa de parar de fumar.
“Embora seja possível parar de fumar sozinho, a maioria das pessoas precisa de suporte adicional para ter sucesso. Programas estruturados e acompanhamento profissional aumentam significativamente as chances de sucesso”, lembrou o especialista.
Mulheres correm mais riscos
Um ponto levantado pelo pneumologista é que existem diferenças entre os efeitos do tabagismo em homens e mulheres. No caso do tabagismo feminino, a prevalência de certas doenças é maior.
"Embora homens e mulheres compartilhem doenças comuns associadas ao tabagismo, como câncer de pulmão e doença pulmonar, as mulheres têm uma propensão maior a desenvolver câncer de pulmão, além de doenças específicas do aparelho reprodutivo”, explica o médico.
“Se uma mulher deseja engravidar, o ideal é parar de fumar antes de tentar conceber. Contudo, parar de fumar para melhorar a saúde em geral é uma escolha benéfica a qualquer momento”, completa.
Segundo o pneumologista, diferenças biológicas tornam as mulheres mais suscetíveis a problemas de saúde relacionados ao tabagismo: “As mulheres metabolizam a nicotina de forma diferente devido aos efeitos do estrógeno, o que pode resultar em uma maior produção de nitrosaminas, substâncias cancerígenas presentes no cigarro”, disse o médico.
De qualquer forma, vale considerar o Dia Nacional de Combate ao Fumo como uma ocasião para refletir sobre os malefícios que tanto os cigarros quanto os vapes causam à saúde.