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Tech contra diabetes: de furinho no dedo a monitoramento de insulina por chips

Por| 14 de Novembro de 2020 às 09h00

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Matt Chesin / Unsplash
Matt Chesin / Unsplash

Já não é segredo que a tecnologia e a área da saúde têm caminhado lado a lado. Neste sábado (14), celebra-se o Dia Mundial do Diabetes. A data foi criada ainda em 1991 pela IDF (Federação Internacional de Diabetes), junto à OMS (Organização Mundial de Sáude), e é voltada à conscientização em torno do combate à doença em questão. E você sabia que a tecnologia é uma grande aliada nisso? As inovações têm tomado conta dessa área da endocrinologia, desde os diagnósticos até os tratamentos mais complexos.

Mas antes de compreender a relação entre diabetes e tecnologia, é preciso entender o que é diabetes, exatamente. Trata-se de uma síndrome em que há uma falência total ou parcial do pâncreas. Esse órgão é o responsável pela produção do hormônio insulina, que é fundamental no transporte da molécula de glicose (açúcar) do sangue para dentro das células.

"Esse dia é muito importante porque aumenta e torna mundial a conscientização sobre diabetes mellitus, que é uma doença extremamente prevalente. De acordo com a Federação Internacional de Diabetes, em 2019 tínhamos mais de 460 milhões de pessoas diabéticas no mundo. Só no Brasil, que é o quinto lugar com pessoas com diabetes, esse número chegava a um pouco mais de 16 milhões. Então, sem dúvida, vale a conscientização de toda a população e para aumentar a informação disponível sobre essa doença", anuncia Dra. Milena Gurgel Teles, endocrinologista do Fleury Medicina e Saúde.

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A doença pode prejudicar também o sistema circulatório. “O paciente portador do diabetes apresenta uma predisposição a fazer placa de aterosclerose nas paredes dos vasos sanguíneos. Esse acúmulo de gordura nas artérias propicia problemas como infarto, AVC e oclusões das artérias, que, no pior dos casos, pode ocasionar uma amputação”, explica angiologista Almar Bastos, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro (SBACV-RJ). O problema está no alto nível de açúcar, que, no portador de diabetes mal controlado, pode levar a complicações na circulação e nos nervos, provocando dores nas extremidades e até dormência.

Por outro lado, a doença pode ser prevenida. Apesar de possuir forte fator genético, Dr. Almar afirma que a prática de exercícios físicos e uma boa alimentação podem prevenir Diabetes tipo 2, conhecida como diabetes do adulto, que sofre forte influência dos fatores ambientais – que não são pela genética. “O diabetes gera resistência ao hormônio da insulina, então, as células do obeso e do sedentário aderem a essa resistência e precisam de uma maior quantidade de insulina para conseguir introduzir a glicose dentro da célula, levando ao esgotamento do pâncreas, que é a origem da doença”, acrescentou o especialista.

Na maioria das vezes, segundo Dr. Almar, o comprometimento leve consegue melhorar através das drogas vasodilatadoras, mas, caso haja oclusão, a única solução é um procedimento cirúrgico. “De uma maneira geral, em uma fase inicial, através de medicação é possível conseguir um melhor fluxo de sangue. As medidas cirúrgicas são tomadas apenas em casos de risco médio ou grave”, destacou. Todavia, vale alertar que, segundo o doutor, a principal causa de amputação não traumática no mundo é ligada a diabetes.

Os aparelhos para furar o dedo são confiáveis?

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Atualmente, existem três possibilidades de testes laboratoriais para se fazer o diagnóstico do diabetes: a primeira é dosar a glicose de manhã, em jejum de no mínimo oito horas; a segunda é fazer a dosagem de glicose duas horas depois de ingerir um líquido muito doce, com 75 gramas de glicose; e a terceira opção é fazer a dosagem de hemoglobina glicada, que dá uma estimativa se glicemia esteve elevada nos últimos meses.

"São esses três exames. O padrão considerado mundialmente como ouro é a dosagem da glicemia, e essa glicemia é considerada diagnóstica de diabetes mellitus quando ela for maior ou igual a 126 miligramas por decilitro, confirmada em uma outra ocasião. A glicada [indica diabetes quando for] maior ou igual a 6,5%, confirmada em uma outra ocasião ou duas horas depois desse teste com a glicose, resultando em glicemia maior ou igual a 200 miligramas por decilitro. Esses são os exames disponíveis", explica Dra. Milena.

"Aqueles exames da pontinha do dedo, que temos aparelhos de diversas marcas, não são considerados ferramentas adequadas para se fazer o diagnóstico do diabetes. Eles podem ter uma variação de 10% até 15% para mais ou para menos, mas não são considerados para fazer diagnóstico. Então você tem o aparelhinho como uma ferramenta de seguimento, para controle de uma pessoa que já tem esse diagnóstico", a especialista aponta.

A tecnologia no combate ao diabetes

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Tendo isso em mente, segundo Dra. Milena, a tecnologia de monitorização de diabetes foi uma das grandes novidades da área. "Temos um exame que é utilizado para monitorização da glicose, em que você consegue de 24 horas a 96 horas fazer a monitorização dessa glicose com um sensor que é colocado no subcutâneo (abaixo da pele), no tecido gorduroso, e você consegue monitorar [os níveis de glicose] a cada cinco minutos, tendo curvas de como essa glicose oscila", conta.

"Esse exame é oferecido como se fosse um holter. Conseguimos então gerar gráficos de quando cai a glicose, quando sobe, e fazer relatórios completos para que essas pessoas com diabetes tenham ajuste de dose. Então a monitorização glicêmica por aparelhos mais tecnológicos é a grande novidade hoje em dia, para se acompanhar esse indivíduo que tem diabetes", acrescenta.

Para o angiologista Almar Bastos, a tecnologia tem feito grandes contribuições para o combate ao diabetes. "Antigamente. tinha-se que usar agulha e seringa. Não que não se use hoje em dia, ainda se usa. Mas hoje em dia já se tem canetas, que fazem tipo uma injeção de vacina, o que é muito prático e praticamente indolor. Também se tem chips, que podem ser colocados na pele, onde vão liberando insulina por meio de microagulhas, no tecido subcutâneo, na gordura", aponta.

"Hoje em dia temos insulina, inclusive mais recente, em spray, que também está sendo bem usada. Então a tecnologia está ajudando muito nesse sentido, de produzir diversos tipos de insulina com mais eficiência. Ela ajuda também na forma de administração dessa insulina, além de, claro, atuar nos próprios laboratórios farmacêuticos e na produção de hipoglicemiantes, que estão cada vez mais modernos", opina o médico especialista.

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Graças à tecnologia, o cuidado com o diabetes vem se tornando a cada vez mais fácil e prático, com direito a aplicativos para ajudar no tratamento. É o caso do mySugr - Diário da Diabetes (Android, iOS), em que o usuário consegue fazer o controle do açúcar em seu sangue. Outro app indicado é o Diabetes Connect (Android, iOS), que oferece ferramentas para o registro de dados relacionados ao diabetes de forma prática, permitindo o controle do nível de açúcar, refeições, injeções de insulina e medicamentos.

Diabetes afeta a visão (e a tecnologia pode ajudar)

De acordo com a Dra. Lísia Aoki,  oftalmologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, podemos ter várias alterações na visão por causa do diabetes, como a alteração na refração em casos de descompensação do diabetes, por exemplo. "Isto é, você tem uma mudança no grau do óculos em caso de diabetes alterado, e essa alteração pode não ser estável", explica.

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Uma outra coisa bastante associada ao diabetes é a catarata, de acordo com a especialista. "Pessoas diabéticas podem ter catarata mais precoce e de evolução mais rápida do que pessoas não diabéticas, principalmente quando elas estão descompensadas. A gente se preocupa mais com as alterações de retina decorrentes da doença, que chamamos de retinopatia diabética, que, em geral, aparece depois de alguns anos de doença", alerta a oftalmologista.

Ela explica que, nesse caso, há uma alteração na permeabilidade dos vasos, e isso se manifesta na retina do olho, e por causa dessa alteração de permeabilidade, há uma perda de visão variada. "Há diferentes níveis de retinopatia. Dependendo do nível que o paciente está, pode ter uma reversão total com tratamento ou não. Essa que é a importância de sempre avaliar o paciente diabético, porque uma vez que a retinopatia fique muito avançada, mesmo que você controle o diabetes, pode não ter uma boa recuperação visual", diz.

A prevenção das alterações visuais consiste em consultas periódicas. O paciente diabético que não tiver retinopatia e tiver bem compensado pode fazer uma avaliação anual. Caso exista alguma alteração de fundo de olho ou sinal de retinopatia, principalmente associado a uma descompensação clínica do diabetes, a oftalmologista recomenda retornos com intervalo de três meses. Já quanto ao tratamento, Lísia expica que cada subespecialidade da oftalmologia tem suas particularidades e inovações que vão acontecendo constantemente. Na cirurgia de catarata, utiliza-se um aparelho de facoemulsificação, método moderno de cirurgia de catarata, no qual a lente interna do olho é emulsificada com uma peça de mão ultrassônica e aspirada pelo olho.

"Existem tecnologias novas que foram associadas para você conseguir obter maior precisão na cirurgia de catarata, com sistemas computadorizados para você fazer determinados passos da cirurgia e conseguir ter uma maior precisão na hora de obter o resultado de refração desejada. Existem novidades constantes para as lentes intraoculares para cirurgia de catarata. São campos da cirurgia ocular que sempre estão tendo estudos", explica a especialista.