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Descoberta de novos genes ajuda pacientes que resistem à quimioterapia

Por  • Editado por  Luciana Zaramela  | 

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Bialasiewicz/Envato
Bialasiewicz/Envato

Na Inglaterra, pesquisadores da Queen Mary University of London (QMUL) anunciaram uma descoberta que pode melhorar o tratamento de câncer de muitos pacientes que resistem ao tratamento padrão com quimioterapia, condição conhecida como quimiorresistência.

Após análises, a equipe descobriu dois genes, o NEK2 e o INHBA, que conferem este tipo de resistência aos medicamentos oncológicos em pessoas com câncer de cabeça e pescoço. Os detalhes foram compartilhados em estudo publicado na revista científica Molecular Cancer.

Além de identificar os dois genes ligados a essa resistência à quimioterapia, os pesquisadores britânicos afirmam que, se um dos genes for silenciado, o corpo do paciente passa a responder ao tratamento, atingindo adequadamente as células cancerígenas. Por fim, a terceira boa notícia relacionada ao estudo é que potenciais moléculas capazes de silenciar os genes já foram rastreadas.

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Entendendo o câncer de cabeça e pescoço

Vale explicar que, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a expressão câncer de cabeça e pescoço é um “termo genérico que engloba uma série de tumores malignos que podem aparecer na boca, orofaringe, laringe (cordas vocais), nariz, seios nasais, nasofaringe, órbita, pescoço e tireoide”.

Em outras palavras, a aplicação das novas descobertas podem ser bastante significativas e abrangentes, após serem devidamente comprovadas em estudos clínicos — isso ainda não ocorreu.

De modo geral, existem cinco principais fatores de risco associados com a maior incidência de casos de câncer de cabeça e pescoço. Conforme aponta o INCA, são:

  • Etilismo (consumo excessivo de álcool) — corresponde a cerca de 80% dos casos diagnosticados no Brasil;
  • Tabagismo;
  • Infecção pelo HPV;
  • Má higiene bucal;
  • Desnutrição.

Como a descoberta pode melhorar o tratamento do câncer?

Como já adiantamos, os pesquisadores britânicos descobriram os dois genes e também formas de como silenciá-los, viabilizando o tratamento adequado do câncer com a quimioterapia.

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Para esta segunda parte da pesquisa, os autores analisaram uma biblioteca de químicos e moléculas já conhecidas, comumente usada para descoberta de medicamentos. A partir dessa investigação, foram identificados dois agentes promissores contra a quimiorresistência:

  • Sirodesmin A, uma toxina encontrada originalmente em fungos;
  • Carfilzomib, produzido por bactérias.

Se ambas as substâncias forem usadas para silenciar os genes resistentes, a estimativa é que as células cancerígenas se tornem até 30 vezes mais sensíveis aos medicamentos quimioterápicos, como a cisplatina. Este remédio já é adotado rotineiramente no tratamento, e foi aprovado por inúmeras agências reguladoras no mundo.

Novas terapias personalizadas contra o câncer

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“Infelizmente, muitas pessoas não respondem à quimioterapia ou à radiação. Mas o nosso estudo mostrou que, pelo menos nos câncer de cabeça e pescoço, são estes dois genes específicos que podem estar por detrás disto”, afirma Muy-Teck Teh, autor sênior do estudo e pesquisador da QMUL, em nota.

“Esses resultados são um passo promissor para que os pacientes com câncer no futuro recebam tratamento personalizado com base em seus genes e tipo de tumor, proporcionando uma melhor taxa de sobrevivência e melhores resultados de tratamento”, acrescenta Teh.

Além disso, talvez, os pesquisadores tenham descoberto um outro fato que pode ser considerado a quarta boa notícia do estudo: os dois genes recém-descobertos também estão ativos em outros tipos de tumores. Em tese, isso significa que o mesmo mecanismo de silenciamento pode ser útil para melhorar a resposta da quimioterapia em outros tipos de cânceres. Só que, neste caso, mais pesquisas ainda são necessárias.

Fonte: Molecular CancerQMUL e INCA