Dados globais mostram que a obesidade infantil superou a desnutrição pela 1ª vez
Por Nathan Vieira • Editado por Melissa Cruz Cossetti |

A obesidade infantil superou a desnutrição pela primeira vez. É o que mostra um relatório recente do Unicef, que avaliou dados de mais de 190 países. Hoje, uma em cada cinco crianças e adolescentes entre cinco e 19 anos está acima do peso, o equivalente a cerca de 391 milhões de jovens. Desse total, quase metade apresenta obesidade. Enquanto a desnutrição caiu de 13% em 2000 para 9,2% em 2025, a obesidade triplicou no mesmo período, alcançando 9,4%. Apenas a África Subsaariana e o Sul da Ásia ainda mantêm índices de desnutrição superiores aos de obesidade.
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Segundo a agência da ONU, a substituição de refeições tradicionais por alimentos ultraprocessados tem sido um dos principais fatores desse crescimento. Mais baratos e acessíveis, esses produtos ricos em açúcar, sódio, gorduras e aditivos estão cada vez mais presentes em escolas e nas casas. O marketing digital direcionado ao público infantil reforça o consumo de fast food e bebidas açucaradas.
O impacto vai além da balança: a obesidade infantil aumenta o risco de doenças crônicas como diabetes tipo 2, hipertensão, problemas cardiovasculares e até certos tipos de câncer. Conforme alerta Catherine Russell, Diretora Executiva do Unicef:
A obesidade é uma preocupação crescente que pode impactar a saúde e o desenvolvimento das crianças. Os alimentos ultraprocessados estão substituindo cada vez mais frutas, vegetais e proteínas, justamente quando a nutrição desempenha um papel crítico no crescimento, desenvolvimento cognitivo e saúde mental das crianças.
Situação no Brasil e em outros países
No Brasil, a transição nutricional já era evidente desde os anos 2000, quando os índices de obesidade infantil ultrapassaram os de desnutrição. Entre 2000 e 2022, a obesidade triplicou de 5% para 15%, enquanto a desnutrição caiu para apenas 3%. O sobrepeso também dobrou, chegando a 36% das crianças e adolescentes.
Em outros países, o cenário é igualmente preocupante. O Chile apresenta 27% de obesidade infantil, enquanto Estados Unidos e Emirados Árabes Unidos registram 21%. Em algumas ilhas do Pacífico, os índices passam de 30%.
Apesar do quadro alarmante, o Brasil foi citado como exemplo por adotar políticas públicas que restringem ultraprocessados no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), proíbem propagandas voltadas ao público infantil e exigem rotulagem clara sobre excesso de açúcar, sal e gorduras.
O Unicef alerta que, sem intervenções, o impacto econômico global da obesidade pode ultrapassar US$ 4 trilhões por ano até 2035. A promoção de ambientes alimentares saudáveis é urgente para garantir um futuro mais equilibrado para as novas gerações.
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Fonte: Agência Brasil