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Crianças da APAE recebem tratamento gratuito com cannabis em SP

Por| Editado por Luciana Zaramela | 15 de Julho de 2021 às 09h35

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Kindel Media/Pexels
Kindel Media/Pexels

Em 8 de junho, a comissão especial da Câmara dos Deputados que analisou o Projeto de Lei 399/15 aprovou o texto-base de proposta favorável à legalização do cultivo da Cannabis sativa no Brasil, exclusivamente para fins medicinais, veterinários, científicos e industriais.

Com isso em mente, a Carmen’s Medicinal, empresa de cannabis medicinal criada nos EUA, lançou no Brasil uma linha de produtos voltados ao público infantil. A empresa também fechou parceria com a APAE São Caetano do Sul (São Paulo), entidade escolhida para receber gratuitamente o Canabidiol Kids. Essa parceria com a APAE foi viabilizada por Dr. Pedro Pierro Neto, um dos principais médicos do setor.

Foram escolhidas nove crianças com indicação para o tratamento, como é o caso de Théo Silvestre (9), que tem autismo e toma antipsicótico para diminuir a ansiedade, faz terapia ocupacional e comportamental. Essas crianças serão acompanhadas de perto, bem como os efeitos do remédio em suas rotinas.

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O autismo de Théo compromete mais a parte motora. Ele tem alta sensibilidade auditiva e deficiência no tato. No caso do garoto, o desequilíbrio dos sentidos desencadeia reações como bater palmas durante várias horas. O médico da criança acredita que o canabidiol pode ajudar a melhorar o desempenho de Théo, e por isso, ele receberá o Canabidiol Kids durante nove meses. Acabado o período, o laboratório passa a assessorar as mães para conseguirem o remédio do governo, já que o óleo entrou para a lista de medicamentos do SUS recentemente.

O óleo que Théo usa vem com todos os componentes da cannabis, proporcionando o efeito entourage, interação das outras substâncias, que potencializam a ação do CBD, mas não conta com nenhuma dosagem de THC (tetrahidrocanabidiol), que é o elemento responsável por causar o efeito psicoativo da maconha. 

"É muito importante deixar claro que os medicamentos de cannabis medicinal não têm relação com o uso recreativo. O CBD não é uma substância psicoativa e não causa o ‘barato’ associado à cannabis. O composto psicoativo da planta é o THC, mas só em concentração acima de 1%", explica Ricardo Pettená, diretor executivo da Carmen's, ao Canaltech.

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Cannabis, governo e pacientes

O óleo de CBD só pode ser adquirido pelo processo de importação individual, para pessoas físicas, com aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Pettená conta que qualquer médico com CRM ativo pode receitar e acompanhar os pacientes, e a recomendação é que os pacientes procurem profissionais que possuam conhecimento e qualificação na área.

As enfermidades mais atendidas nos diferentes espectros do óleo extraído da planta são autismo, epilepsia, câncer, depressão, ansiedade, dores crônicas, doenças autoimunes e doenças degenerativas. 

Pettená explica que a aprovação do PL na Câmara pode trazer uma revolução muito grande para o setor, facilitando o acesso dos pacientes ao tratamento, inclusive em termos de custos, com produtos nacionais. "Quando nós entramos no Brasil em 2020, o preço foi uma questão muito sensível. Entramos no mercado brasileiro com valores 15% abaixo dos praticados nos EUA, inovamos ao definir preços em Reais, protegendo os pacientes da variação cambial, o que nos posicionou como o produto importado mais barato do mercado", aponta.

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Questionado sobre as chances de a cannabis, enquanto fitofármaco, “derrubar” o uso de medicamentos controlados de tarja preta ou receita retida, Pettená garante que ainda há muito trabalho pela frente, em especial para que mais médicos estudem sobre a cannabis medicinal para que possam prescrever esse tipo de medicamento aos seus pacientes. "Esses medicamentos têm mostrado resultados muito positivos em enfermidades como depressão e ansiedade, que em geral são tratadas com remédios controlados e que possuem muitos efeitos colaterais", esclarece.

Mas então, o que falta para vermos mais derivados da cannabis vendidos em farmácias? Segundo Pettená, o que acontece é que as regras atuais dificultam a chegada desse tipo de produto nas farmácias. "A regulamentação, ao permitir o cultivo industrial e seguro da cannabis, vai proporcionar um grande crescimento desse setor, o que naturalmente vai se refletir nas farmácias", finaliza.

Fonte: Com informações da Câmara dos Deputados