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COVID: fisioterapia de cheiros ajuda na recuperação de perda do olfato; entenda

Por| 04 de Novembro de 2020 às 20h40

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Viktor Forgacs/Unsplash
Viktor Forgacs/Unsplash

Um dos desafios de combater o novo coronavírus (SARS-CoV-2) é identificar as pessoas contaminadas e garantir o rápido isolamento dos casos. Nesse sentido, a perda da capacidade de se sentir cheiros é um importante sintoma da COVID-19. Inclusive, há diferentes graus para a perda olfato e esse sintoma pode ocorrer em qualquer fase da doença ou até mesmo não aparecer. Para o tratamento específico dessa sequela, já existe uma espécie de fisioterapia de cheiros.

Entre os sintomas da COVID-19, é consenso entre a comunidade médica que a perda de olfato pode se prolongar por meses em certos pacientes, mesmo depois do controle da infecção. De acordo com a médica e otorrinolaringologista da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), Maura Neves, em muitos casos, a perda do olfato (anosmia) também está associada à perda do paladar (ageusia). 

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"Muitas pessoas confundem a perda do olfato com a perda do paladar [ageusia]. No caso da COVID-19 a perda do paladar é o que chama atenção para a perda do olfato na maioria das vezes", explica Neves. Mesmo que, de forma temporária, essas questões podem afetar a qualidade de vida dos pacientes. Por isso, são importantes exercícios que estimulem os sentidos.

Perda de olfato por causa da COVID-19

Uma curiosidade é que além da COVID-19, há uma série de outras possíveis causas para a perda de olfato. Isso significa que antes de se fechar um diagnóstico da infecção por coronavírus, enquanto se aguarda o resultado de exames, é preciso considerar outras condições e o histórico do paciente. 

Mesmo incomum, gripes e resfriados podem afetar o nervo olfatório. Doenças nasais, como sinusites e rinites crônicas, também conseguem alterar a percepção de cheiros. Outro ponto importante é verificar se há um trauma recente, já que uma batida na cabeça ou no nariz, por exemplo, pode causar perda de olfato. Até mesmo doenças neurológicas, como Parkinson e Alzheimer, podem desencadear a redução ou a perda do olfato.

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Outro ponto importante é que a perda de olfato é conhecida muitas vezes pelo sinônimo anosmia, ou seja, quando ocorre a perda completa da capacidade em sentir cheiros. Só que outras alterações no olfato devem ser levadas em consideração também, como a hiposmia (quando há apenas redução da capacidade olfativa) e a fantosmia (quando se sente cheiros que não existem).

Outra condição que pode ser associada ao coronavírus é a parosmia, onde se percebe uma distorção do olfato em pacientes contaminados. Nesses casos, a pessoa sente um cheiro "bom", como o cheirinho de café, mas o cérebro interpreta como um odor "ruim" ou vice versa. Em todos esses casos, a otorrinolaringologista explica que o treinamento do olfato pode auxiliar na recuperação. Essa espécie de fisioterapia consiste em estimular o nervo olfatório e as conexões cerebrais com aromas específicos.

Como funciona a fisioterapia de cheiros?

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A ideia por trás da fisioterapia de cheiros é estimular a recuperação do olfato. Dessa forma, mesmo que a pessoa ainda não sinta nenhum cheiro nos primeiros dias, essa prática pode trazer benefícios, conforme orienta Neves. Isso porque um nervo danificado tem uma boa chance de se reparar e o treinamento é a maneira de acelerar esse processo.

No treinamento, são utilizadas quatro fragrâncias de óleos essenciais para estímulo do olfato. Entre os aromas sugeridos, estão: rosa; eucalipto; limão; e cravo. "Cada essência deve ser inalada por 10 segundos com intervalo de 15 segundos entre cada uma. O treinamento deve ser feito 2 vezes ao dia durante 24 meses para que haja tempo de recuperação da sensação do cheiro e da comunicação com o cérebro", explica a médica.

Caso não se tenha acesso a essas fragrâncias, a fisioterapia de cheiros também pode ser feita com fragrâncias mais domésticas, o que torna a facilita o treinamento. Entre as opções, estão: café; cravo; mentol; baunilha; menta (pasta de dente); vinagre; tangerina (suco). O modo de uso das "fragrâncias domésticas é o mesmo das essências em frequência e tempo. Deve-se ter cuidado apenas em escolher aromas que não causem irritação no nariz para evitar o desenvolvimento de rinite", ressalta a médica.

Mesmo que esse seja um exercício caseiro, é importante que pessoas com a perda do olfato e suspeita da COVID-19 procurem um médico que seja responsável pelo caso. Isso porque também existem outros tratamentos possíveis para a perda de olfato. Além disso, medicamentos podem ser prescritos, dependendo do caso.